Sobre o medo de recomeçar / Über die Angst neu Anzufangen
Por Albany Estrela Herrmann*
Não importa aqui em que
contexto temos que recomeçar. Fato é que não é tarefa fácil ser obrigado a
recomeçar do zero: por tristeza, por vergonha, por falta de motivação, por sentir-se sem chão, sem coragem,
por falta de ambição ou depois de uma desistência.
Sair do buraco requer muita
força. Força de vontade acima de tudo. Existem pessoas que acreditam que (Ditado popular alemão: “para se
construir uma fortaleza, deve-se primeiro derrubar a “cabana”. Somente desta
forma podemos ter a certeza de que aquilo que vamos construir não irá
desmoronar.
Uma base fraca não pode
sustentar densas estruturas. Tentar salvar uma “obra condenada” nem sempre faz
sentido! Com certeza dá muito mais trabalho do que traçar uma nova planta e
refazer o “desenho”. Vejamos alguns contextos para recomeçarmos:
1 – Recomeçar na profissão:
Às vezes escolhemos um curso
técnico ou superior e no meio do caminho percebemos que nos enganamos nesta
escolha. E partimos para uma nova tentativa em busca daquela profissão que nos
satisfaz. A questão não é só ganhar dinheiro, pois não há coisa pior do que ter
que trabalhar com algo que detestamos só para poder pagar as contas no final do
mês.
2 – Recomeçar a vida de casal:
Depois que os filhos crescem e
se tornam independentes, os pais passam a viver sozinhos outra vez. Nossos
filhos não são nossas propriedades! Eles desapegam um dia dos pais e passam a
viver as próprias vidas.
O problema ocorre quando os pais
esquecem que antes de mais nada, antes de serem pais, eram um casal. Muitos
passam a viver para os filhos e quando estes vão embora de casa, eles já não
sabem mais viver sozinhos. Eles desaprenderam a viver a vida deles a dois.
3 – Recomeçar depois de uma doença grave:
Quando uma pessoa vê a morte de perto e se depara com
a famosa luz no final do túnel, ela passa a enxergar a vida de outra forma.
Percebemos que o nosso tempo para ser feliz é limitado
e que desperdiçar isso é burrice! Pense bem na maneira como você está
utilizando seu tempo de amar e seu tempo para ser feliz!
No fim de nossa estrada terrestre, o que permanece são
os sentimentos e nossos valores. Não siga o caminho inverso valorizando somente
a matéria.
4 – Recomeçar
a acreditar em si mesmo:
Existem pessoas que acabam por acreditar em coisas que
ouvem por aí. Este processo de sugestão
negativa corroi a alma, destroi sonhos e aniquila pessoas fracas. Frases como:
- Você é burra! Você é gorda! Você não vai conseguir
mesmo… Isso é perda de tempo!
Ela funciona como a última martelada sob um prego. O
segredo aqui é ser auto-crítico o bastante para diferenciar a maldade da
verdade. Você tem que reconhecer se está dando um passo maior do que suas
pernas! Se você confia e sabe do que é capaz, nada, nem ninguém, pode te
impedir de conseguir alcançar o seu objetivo. Resete a negatividade e vá à luta!
5 – Recomeçar
depois de anos de dependência:
Quando um relacionamento
inicia, costumamos prometer certas coisas que posteriormente, ou não cumprimos
ou então nos arrependemos de ter prometido. Coisas tipo, eu vou ser mãe e dona
de casa. Vou me dedicar só à família. O marido promete ser o provedor e
sustenta a família com seu salário.
Fato é que as coisas mudam com
o tempo e ninguém sabe o dia de amanhã. Não podemos voltar com o relógio de
nossas vidas e na minha opinião particular, um homem que sugere isso, quer ter
o controle absoluto de tudo em casa. Eu vivi isso com meus pais e observei isso
de perto.
Quem se sujeita a isso, irá
perceber de forma dolorida mais tarde quanto tempo ficou sem pensar em si mesmo
e se arrepende. Essa pessoa tem que aprender a “engatinhar na vida” enquanto
adulto!
6 – Recomeçar depois de uma
morte:
Eu conheci um homem que estava
começando a se relacionar com uma amiga minha. Ele nos convidou para um café da
tarde na casa dele. Chegando lá, ele nos mostrou os cômodos da casa até que
parou em frente de uma parede com muitas fotos.
Em quase todas elas vimos uma
mulher loira, bonita e sorridente. Sem que eu precisasse indagar quem era a
mulher, ele disse: - Essa foi a minha esposa que faleceu durante o parto do
nosso filho. Meu filho vive com os avós, pois eu fiquei muito mal depois de
tudo que aconteceu.
Pensei: - Ele ainda não
superou esta perda e venera esta mulher morta com esta espécie de altar mórbido
em casa! Isso não é normal! Ele precisa recomeçar a viver outra vez!
7 – Recomeçar depois de um fracasso:
Quem não sonha em ter o próprio negócio? O problema
aqui é que nem todo mundo nasce com dons administrativos empresariais. Não basta
só ter dinheiro para abrir uma loja, equipá-la e achar que o sucesso é
certeiro. Ele não é! Ser seu próprio patrão requer de você muita
responsabilidade, muito controle, pesquisa, planejamento, organização,
capacidade de negociação e outras habilidades necessárias para se ter um
negócio de sucesso.
A falência de uma empresa reflete nada mais, nada
menos, que problemas graves ocorreram e que eles foram o motivo do “barco ter
afundado”. Aprender com estes padrões errôneos para não
fracassar novamente, heis a questão. O
que acontece comumente nestes casos, é que se coloca sempre a culpa nos outros:
nos fornecedores, nos funcionários, no azar, enfim, reconhecer o que fizemos de
errado e refazer os planos é primordial!
8 – Recomeçar
em outro lugar:
Nem sempre o problema é de
questão geográfica. Quando saimos de um lugar, os nossos problemas vão junto
com a gente! Mudar de casa, de cidade ou de país não vai resolver determinados
problemas em sua vida.
Se você leva na sua bagagem
determinados problemas, cedo ou tarde eles vão se manisfestar neste outro lugar
também. Não adianta aqui querer tentar “varrer a sujeira para debaixo do
tapete”. A melhor tática é recomeçar dentro de você!
9 – Recomeçar do fundo do poço:
Penso aqui em pessoas do tipo
aquelas que: perderam o emprego, o parceiro ou vivem sem amigos e afastadas da
família. É comum ouvir: - Eu perdi tudo! Minha vida acabou…
Uma vez eu fiz uma oração silenciosa e pedi:
- Vou tentar pedir desculpas e
reatar o contato com todas as pessoas que briguei e não falo mais. Nem eram
tantas assim. Eram apenas duas pessoas…
Pensei: - Independente de quem
está com a razão, pois cada um tem mesmo a sua versão particular dos fatos, eu
quero paz!
Hoje eu falo socialmente com
elas e respondo educadamente, mas realmente não as vejo mais hoje com meus
olhos de antigamente. Essas pessoas me prejudicaram e eu pude ver de longe que
a lei do retorno ou quem sabe a Justiça Divina, as fez pagar o preço por seus
atos maldosos.
Eu tentei apagar dentro de mim tudo que aconteceu. Não me vinguei. Não revidei. Meu maior prazer foi
evidenciar que elas precisaram de minha ajuda posteriormente e que eu tinha a
opção ou de ignorar um pedido de ajuda ou de apagar em mim os sentimentos ruins
que até então tinha conservado na memória.
Resolvi me libertar disso e
ajudar mesmo sabendo que um dia poderia me arrepender de novo. Eu fui maior do
que toda energia negativa e percebi no olhar delas o arrependimento. O mundo dá voltas! E eu provei minha superioridade desta forma. Foi a
melhor forma de me vingar que já encontrei na vida! Sendo superior!
10 – Recomeçar algo melhor:
Nem sempre um recomeço se dá porque alguma coisa ruim aconteceu
anteriormente. Existem pessoas que gostam de se reinventar e de testar coisas
novas. Outras querem
aprimorar seus conhecimentos, conhecer gente, lugares ou têm ideais de vida
distintos.
Na verdade é uma combinação
entre amar o “velho” tanto quanto se ama o “novo”. Eu sou totalmente a favor de
não nos prendermos à valores ou condições desfavoráveis por pura acomodação
desde que se na busca pelo melhor, eu não venha a oferecer riscos ou exponha
minha família para tanto.
Summa summarum:
Recomeçar é também o pesar das
consequências. Deve ser uma escolha segura, pensada e
coerente em nossas vidas.
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E obrigada por visitar meu blog!!!
* Professora de
Alemão (Deutsch als Fremdsprache DAF, com certificado do MEC
Ministério Alemão - BAMF-Zulassung) e Português para
Estrangeiros (PLE Universidade de Tübingen), Licenciada em Letras
Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro, Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls
Universität de Tübingen
6 comentários:
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