27/04/2013

Brands and Crises


by Evódio Kaltenecker 


Translation: Albany Estrela Herrmann*

In an interview to a business magazine, I was asked about the impact on the brand of a company when a defective batch of products reaches the consumer market. The interviewer had in mind a recent event: a multinational, traditional in the food and personal hygiene sector, was under the media spotlight due to defective products that caused harm to consumer`s health. The question was well founded and the interviewer asked such issues in order to check the viability of the product in the market and which impacts (both tangible and intangible) were caused by this event viewing both sides: the brand side and the organization side itself.

Before sharing my opinion, it is necessary to define firsthand what is “brand”. In the broadest sense, a brand is a symbolic representation of an entity (whatever it is), which allows identifying it as an immediate way, for example, a sign of presence, a simple footprint. In terms of the communication theory, it can be a sign, a symbol or an icon. The definition of the American Marketing Association adds a legal element: “A brand is a name, a term, a sign, a drawing or a combination of these elements, in order to identify products and services from one seller or a group of sellers and to differentiate them from competitors”. According to Kotler, “perhaps the most characteristic ability of marketing professionals is the ability to create, to maintain, to protect and to enhance a brand”. For marketing professionals is the establishment of a brand the essence of art.  In other words, a brand is something that creates an identity, a differentiation. Finally, a brand can bring to the minds some attributes, emotional benefits and even more than that: values.

What happens to the value of a brand when such a disastrous event happens? One answer is that the reputation of the company can be ruined. We have examples of crises that destroyed companies (Union Carbide and the Bhopal accident in 1984) and others that negatively impacted the brand in a short term (Tylenol, 1982). It all depends on the correct way companies deal with as managing a crisis period.

History shows us the answer to the interviewer´s question: a brand impact and an acceptance of a product will always occur, but the duration and intensity of this impact will depend on how the company:

(i) deal with the causes of the problem;
 
(ii) supports those who suffered from the disaster;

 
(iii) solves the problem and

 
(iv) communicates the brand attributes to the market


So far, we have seen that the mark of a company, a product, a person or a country, is really an important issue. We also saw that a brand can die. Consequently, it is natural to think that a brand may be born, just look at how the segment of consumer goods brings frequent examples of new products. However, it makes sense to ask how to realize the “power” of a brand. There are several tools that allow product managers to monitor how their products are perceived. Some techniques are quantitative and statistical methods, while other tools are qualitative, for example, focus groups and market research.

A very interesting example of brand repositioning occurred right here in Brazil with the Havaianas sandals. In the past, this product was seen as having an inferior quality, the brand did not catch the attention from customers and the message that was passed to the public was just: “no warp, no smell and no loosing strips”, a motto that only highlighted sandal´s functionality only. After an impressive job of product repositioning, the brand shows a well-being feeling, “casual sophistication”, relaxation and fun (showing aspirational and emotional aspects). Undoubtedly, this is an example of change of brand attributes, which in this case, passed once a message focused only on the functional aspects and now passing currently signals of “Brazilianness” and relaxation. In my opinion, this case was one of the most interesting examples of brand repositioning that I could see, either in Brazil or abroad.

Finally, may I say that in case of the event that struck the multinational sector of hygiene  and food, the company seems to have a consensus in the specialized media and that company was unable to manage the situation appropriately. It was expected a much faster reaction as a more convincing placement during the crisis. Because it is a large company with decades of experience, the quality of the response to the crisis should have been proportional to the availability of resources and according to the experience acquired over the years.

As I am used to, I would like to provoke restless minds with two own questions:

What will be the end of this story? Will the product survive the crisis or will be discontinued by its manufacturer?

* Professora de Português para Estrangeiros na VHS de Stuttgart,  Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro e Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen, Alemanha.

18/04/2013

Duplos sentidos/Humor na sala de aula

Por Albany Estrela Herrmann*

Em todos os casos de homógrafos ou ainda dos famosos "falsos amigos" - palavras de escrita igual, mas de sentidos diferentes - existem um ou mais significados para estas palavras. São centenas de exemplos com sentidos ambíguos extremamente usados em se tratando de humor.

Os exemplos abaixo exemplificam isto como um recurso visual que proporciona uma boa possibilidade de se poder trabalhar com estas nuances linguísticas a nível avançado em sala de aula. Chega um determinado momento em que os alunos de nível avan
çado buscam novos desafios e querem aprender coisas novas...

Pensando em tornar este tipo de tópico mais prazeroso, tanto para mim quanto para os meus alunos, resolvi usar o humor na sala de aula. Meu desafio era o de verificar até que ponto os conhecimentos formais (linguísticos) de vocabulário aliados aos conhecimentos (extralinguísticos) interculturais por eles adquiridos, os ajudariam. 

A minha proposta de tarefa foi dividida em 3 passos:

1 Entender o conteúdo e contexto da charge

2 Explicar com as próprias palavras a mensagem da charge

3 Reaplicar estes moldes anteriores para o Alemão (em geral é a língua materna dos meus alunos). Nem sempre dá certo, mas esta era a ideia! Finalizamos a aula com este último passo, rindo muito com as tentativas de tradução de cada um. O importante aqui "não são os fins, mas os meios"...  :-)


Obs.: Funciona também sem o uso de imagens:

A: - Me disseram que você está fazendo a dieta da sopa? 

B: - Sim. Deu sopa, eu como!
 

Duplos sentidos empregados:

1 – sopa (alimento)


2 – dar sopa (perífrase lexical, significado idiomático)



Não é tarefa fácil trabalhar com este tipo de material e também requer conhecimentos profundos do léxico de ambos os idiomas, mas é uma experiência nova para os alunos de PLE (Português como Língua Estrangeira).

IMPORTANTE: Os cartoons acima, foram usados com a permissão do autor. Agradeço muito por seu amável email, assim como pelo apoio em meus trabalhos pedagógicos.

* Professora de Português para Estrangeiros na VHS de Stuttgart, Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro e Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen, Alemanha.

10/04/2013

Stefan Zweig: Viagem ao Brasil

  Fragmentos do diário 

 [8 de agosto a 10 de setembro de 1936] 


Tradução: Albany Estrela Herrmann*

21 de agosto. Será possível que eu possa anotar tudo sobre o Rio sem me esquecer de muitas coisas? Pela manhã, a entrada da maravilhosa baía: - Magnífica! Primeiro surgem as ilhas verdes ou rochosas emergindo do mar; em seguida, ligeiramente embaçado pela névoa da manhã, o Corcovado com a cruz e o Pão de Açúcar, ambos fincados como monolitos, e encostadas neles as lindas baías curvas, a cidade que sempre reaparece e é entrecortada pelas colinas que se lançam para baixo como os dedos de uma mão sustentando-as. Algo mais belo que isto? Não se pode imaginar nada mais belo do que esse gracioso abrir-se de uma cidade como um leque; no mar as barcas apressadas. Já se mistura o aroma do mar com um suave perfume do continente. 

A gente se sente suavemente envolvido, e essa entrada é realmente uma recepção calorosa, à maneira dos povos mediterrâneos, enquanto Nova York, de modo igualmente grandioso, com seus icebergs de pedra e concreto, saúda triunfante, com um barulho aturdido a quem chega. Nova York chama, o Rio espera – masculina uma, feminina a outra. Essas linhas ondulantes lembram o corpo de uma mulher que sai das ondas, Vênus Anadiomene. É inesquecível esta primeira vista, eternamente permanecerá na minha lembrança. A imagem se modifica a cada ângulo, e de cada ângulo tem-se uma visão diferente de sua beleza – o Rio não tem uma só vista como Nápoles, ele é bonito de todos os lados. Olhando do alto das montanhas em direção ao mar ou vice-versa, e da praia ou de qualquer ponto de vista! A isso acrescentam-se cores suaves e quase cantantes. Esta cidade realmente tem magia. […]
 
Estou hospedado no Corcovado Palace com uma infinidade de quartos com vista para a praia que é  mais bonita do que qualquer balneário da Europa. A praia é cheia de areia macia e toda iluminada pelo brilho verde do mar. Eu teria prazer em ficar horas a fio neste terraço, mas não tenho tempo. Já tenho que visitar a cidade, que é linda porque mistura com felicidade aspectos de Madri e Lisboa, Nova York e Paris. Na avenida Rio Branco, um grande boulevard de estilo ainda imaturo, mas de formato próprio e extremamente movimentado. Aí se revela a mesma extraordinária miscigenação que se confirmará a mim em todos esses dias como a coisa mais extraordinária do nosso tempo: a absoluta ausência de preconceito entre as raças – uma observação já de primeira vista. […]
 
A noite chega aqui rapidamente, sem transição. Dá-se conta, de repente, de que a luz do dia se foi, mas de maneira suave e imperceptível. Ela dá lugar a uma escuridão quase inimaginável, o mar torna-se imóvel como um metal negro. De repente, num espetáculo grandioso, a cidade se ilumina. As luzes ficam onduladas como uma serpente pelas baías, ao redor da Urca, Flamengo, Botafogo, ao redor desta baía gigante, a baía de Guanabara, na qual, segundo cálculos, poderiam se instalar confortavelmente todas as frotas de guerra da Terra. Ao mesmo tempo começa a brilhar o centro da cidade, com os arranha-céus em estilo americano, uma festa de luzes – e tudo isso envolto por um ar claro e suave que traz o aroma das florestas próximas. Uma magnífica natureza selvagem iluminada pela civilização; com grande emoção, (15) saboreia-se essa inimagínável beleza, da qual não se deseja jamais separar. Com certeza, nenhuma cidade do mundo pode oferecer uma vista semelhante à do Rio de Janeiro. […]

Tradução oficial: In Amok e Xadrez. Stefan Zweig. Apresentação, cronologia e revisão geral de Ingrid Schwamborn; tradução de Odilon Gallotti (Xadrez) e Marcos Branda Lacerda (Amok e Viagem ao Brasil e à Argentina). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1993.

* Professora de Português para Estrangeiros na VHS de Stuttgart,  Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro e Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen, Alemanha.