04/05/2013

Tropa de Elite: Unterricht mit Realien?

Por Albany Estrela Herrmann*


O objetivo deste curso foi o de analisar o conteúdo da linguagem coloquial tendo como ponto de partida obras cinematográficas brasileiras, em especial, o filme Tropa de Elite do diretor José Padilha. Existe neste filme todo um léxico especial que funciona como um código interno entre os policiais e os morados de favelas da cidade do Rio de Janeiro.

Embora muitos de meus alunos já dominem bem o idioma, apresentam dificuldades em entender determinadas situações de fala. Com o uso deste material autêntico em sala de aula, os estudantes tiveram a oportunidade de entender determinadas estruturas que não são ensinadas nos livros didáticos e que requerem do falante conhecimentos profundos de: 

· Vocabulário,
· Pronúncia,
· Funções de linguagem,
· Habilidades interculturais,
· Desvios de padrões gramaticais e etc...

Além disso, existe o contexto social e geográfico que apoia o bom entendimento de realidades desconhecidas para os alunos de Português como língua estrangeira e que se reflete nos fatos narrados. Esta temática sobre a violência no Brasil também está presente em outros filmes de sucesso internacional como por exemplo: Cidade de Deus, Central do Brasil, Carandiru e etc…

O filme Tropa de Elite foi inspirado a partir do livro que foi lançado em 2006. O roteiro do filme foi feito por dois ex-capitães do BOPE, Rodrigo Pimentel e André Batista. São descritos vários fatos que relacionam policiais civis, militares, facções criminosas e moradores de favelas cariocas.

A língua não é estática e sofre variantes extremamente expressivas de acordo com a camada social e localização em que os falantes vivem. Estas análises sistemáticas e gramaticais foram descritas neste projeto e apresentou aos alunos algumas variações diafásicas, diastrásticas e diatópicas. Um fator predominante no filme é o uso de gírias e de uma linguagem considerada chula pela sociedade.

Por meio de uma escolha minunciosa de frases e de cenas deste filme, analisei e discuti junto com meus alunos seus problemas de entendimento e apresentei possíveis soluções para os mesmos. O léxico típico dos moradores de favelas foi discutido em sala de aula, assim como o vocabulário especial empregado pelos policiais.

Os alunos receberam tarefas específicas em folhas extras e prepararam diálogos apresentando estratégias de compensação quando problemas de entendimento ocorrem. O improviso fez com que os alunos reutilizassem e reativassem os conhecimentos anteriormente adquiridos em outros cursos, como experiências interculturais ou o encontro com falantes nativos.



* Tradutora, intérprete Freelancer de Português/Alemão/Inglês. Professora de Português para Estrangeiros na VHS de Stuttgart, Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro e Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen, Alemanha.

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