29/07/2019

Sobre sua criança interior / Über dein inneres Kind

Sobre sua criança interior/ Über dein inneres Kind

por Albany Estrela Herrmann

 Existem sentimentos, atitudes, impressões e situações que presenciamos na nossa infância e que nos modificam para a vida inteira. Mesmo que nós mesmos não aceitemos ou até nem possamos perceber ou vê-las desta forma, elas se tornam caraterísticas do nosso caráter. A nossa realidade atual é na verdade apenas a projeção natural de tudo aquilo que vivemos no passado e que inconscientemente acumulamos dentro de nós. O nosso cérebro retém determinadas informações e as deixam escondidas e em algum lugar reprimidas. Costumamos repetir padrões de comportamento aos quais fomos expostos durante a nossa infância e isso sem nem mesmo percebermos.

Olhar para dentro de nós mesmos como se estivéssemos fora de nosso corpo e assim analisarmos o que há de disfuncional em nossos comportamentos. O que me faz agir desta forma? Isto é apenas um traço característico da minha personalidade? Será que eu carrego algum trauma não resolvido ou mal trabalhado que precisa ser discutido e sanado? Na verdade o que temos é uma criança machucada que nunca aprendeu a se defender.

O mais importante de tudo e o que eu tenho que aprender de uma vez por todas, é que eu, e somente eu, sou responsável por esta criança. Eu posso influenciá-la através de meus pensamentos e da minha maneira de agir. Como eu processo situações adversas durante o decorrer de minha vida? Aquilo que me feriu no passado ainda está contido no meu presente? Será que eu estaria tentando compensar uma dor que sofri e não pude reagir no passado, agora na minha idade adulta? Pode mesmo um sofrimento contínuo virar uma zona de conforto?

Existem pessoas que reclamam de tudo e adoram se vitimizar. Ignoram a existência de um problema e o substituem em suas vidas como sendo uma condição permanente. Substituir um pensamento negativo por um pensamento positivo também não fará com que o problema seja resolvido. Esta forma de tratar com esta problemática, ao meu ver, somente transforma o problema no processo de se viver em negação permanente da realidade.

A melhor maneira de trabalhar a dor é tocá-la como uma fita que tem que ser tocada até o final. Ela não deve ser simplesmente escondida em algum lugar no armário. Para livrar-se de um problema temos que expor o problema e não ignorá-lo. Você tem que aprender a assumir o problema, porque de todas as maneiras, ele está lá. Viver em negação não é a solução! Problemas todos nós temos, mas o que nos diferencia é como encaramos estas cicatrizes que carregamos.

Existem pessoas que carregam dores como uma segunda pele, porque elas não conhecem outra coisa na vida. Viveram com ela desde sempre se tornaram dependentes desta condição de dor existencial. Elas acreditam que só conseguem viver como o viciado que não consegue largar da droga. A sua criança interior acumulou traumas e complexos e se envergonha de seus sentimentos e se sente inferior.

Por exemplo, se alguém ouve que é feio durante muito tempo, e isso por uma pessoa muito próxima e amada, essa pessoa passa a acreditar que no espelho existe um patinho feio. Essa pessoa coloca-se no lugar dele e passa a se sentir feio. A opinião alheia a preenche e ela passa a buscar constantemente a idealização externa. Ela permanence com esta carência de reconhecimento externo e seu ego tenta compensar tudo isso com a co-dependência de terceiros.

Por outro lado, a criança interior que vive em busca de aceitação, segue revoltada e pode passar a se colocar sempre em primeiro lugar e a se achar o máximo. Se eu não recebo o reconhecimento externo, então eu passo a gerar o reconhecimento interno, a megalomania. Eu mesmo me elogio, eu mesmo me torno interessante, forte e superior. Pelo menos diante de meus próprios olhos, eu passo a ser o narcisista que tenta transformar o desprezo que recebeu pelos os outros anteriormente, tornando-se algo  especial e único.

A criança interior tem uma imagem distorcida de si mesma: ou se diminui ou se vê através de uma lente de aumento imaginária. Estas duas crianças são cheias de tristeza no peito e procuram segurança. A solidão é o lugar comum de ambas e elas cresceram sem qualquer apoio emocional. Desamparadas e frágeis durante seus processos de autoconhecimento e de amadurecimento, seguiram cada uma por si um caminho distinto. No entanto, deveriam tentar se libertar das dores da infância que se cristalizaram, tornando-se partes integrantes e características de seu novo “eu”.

Dê uma olhadinha rápida na sua criança interior! Quem sabe ela não está sentada lá sozinha dentro do berço esperando a sua ajuda? Necessitando de sua orientação e não conseguindo entender muitas coisas que a assolam. Como eu posso mudar o curso da minha própria estória? Uma coisa é certa, retornar ao passado eu não poderei… Eu tenho que aceitar, refazer e planejar esta rotina de vida. Se você pudesse retornar e falar com você mesmo enquanto criança, o quê você diria para a sua criança interior? Com certeza diria que você não precisa mais ter medo de nada, porque a responsabilidade está agora nas suas mãos. Você mesmo é o seu maior tesouro! Acredite!
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* Professora de Alemão  (Deutsch als Fremdsprache DAF, com certificado do MEC Ministério Alemão - BAMF-Zulassung) e Português para Estrangeiros (PLE Universidade de Tübingen),  Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de JaneiroMestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen 


18/07/2019

Dissecando um narcisista / Dissecting a narcisist por Albany Estrela Herrmann

Dissecando um narcisista /Dissecting a narcisist

 por Albany Estrela Herrmann


Você percebe que tem um cheiro de vulnerabilidade no ar e de carência afetiva. Estes são os ingredientes básicos que atraem qualquer predador narcisista. Ele então se aproxima e investiga quais são as suas necessidades. Te dá toda a atenção que naquele momento você precisava. Aquela pessoa te enche de sorrisos, de elogios e bombeia o ar para dentro do seu ego abalado e vazio. O tempo passa  e você mesmo sem se dar conta, já está envolvido até o pescoço. Pronto! O peixe mordeu a isca! O próximo nível depois da conquista, é o controle.

O narcisismo enquanto transtorno de personalidade como nos moldes de Freud ou mesmo o da fábula de Esopo, significa muito mais do que simplesmente aquele que ama a própria imagem. Alguém que é apaixonado por si mesmo como o Narciso que ao ver sua imagem refletida na água, se joga para beijá-la e morre afogado. O Narcisista é um predador de sentimentos, pois ele perdeu todos os seus durante a infância. Estas pessoas possuem traumas causados durante esta infância infeliz. Foram abandonados, mal-tratados, humilhados, excluídos. Como um mecanismo de defesa, esta pessoa perde a habilidade de sentir empatia, vira uma casca vazia que usa máscaras para sobreviver. Uma outra caraterística comum é a de sugar personalidades e habilidades de suas presas, apresentando-as posteriormente como sendo suas. 

É uma pessoa que quer ser aceita. Que quer se sentir importante. Que quer ter um significado. Que quer ser o centro do mundo e provar para todos como ela é inteligente e hábil. Sabe tudo. Pode tudo. Consegue tudo. E faz questão de mostrar seus certificados e diplomas sempre que pode. Aliás, nunca pára de querer acrescentar habilidades ao seu rol de papéis guardados em uma gaveta empoeirada. Vive de lembrar do passado citando seu mérito imaginário e remoldá-lo deixando-o ser, pelo menos segundo o seu próprio script, a "estrela do Cinema". Inveja, ódio acumulado, mentiras e manipular pessoas. Estratégias diárias muito bem encobertas e difíceis de se decifrar. Nunca que "everybody`s Darling" seria capaz de fazer estas coisas!!! Ledo engano! É ainda pior do que isso e você vai ver um dia. Isto é certo!

Essa pessoa passa a querer coordenar cada passo e cada decisão que você dá. Se você decide algo sozinho/a, isso a deixa irada, pois você fez algo sem a sua permissão. Ao mesmo tempo essa pessoa usa a máscara de ser bonzinho/a para sua família, para sua vizinhança e para todos os amigos em comum. Quando você começa a perceber que há algo errado neste relacionamento, aí a campanha de difamação começa. Você passa a ter problemas sérios e tudo de ruim que aconteça, foi sempre você que fez. Paranóia, controle, abuso, ofensas, traição e etc... Tudo que esta pessoa na verdade fez de ruim é projetado para você e ela permanece sendo a vítima. É a coitada que te ama e que só quer o melhor! Isso é o que ela fala aos 4 cantos do mundo.

E você percebe que você não tem o menor apoio. Quando  tenta conversar a respeito, ela perde o controle e começa uma briga. Afinal, a melhor defesa é o ataque! E você percebe que a pessoa começa a comprar coisas para si e, no fim das contas, é claro, junta todo o dinheiro que puder. Os parentes dela te tratam como um porquinho cofrinho, porque também tiram vantagem da sua cegueira sentimental. No entanto, a falsidade deles também é iminente e descarada. Mentiras para encobrir mentiras de mentirosos. Se esta pessoa nota que você percebeu isso, passa a te afastar deles com medo que alguma informação vaze. Passa também a te isolar dos seus amigos e dos seus familiares no intuito de te deixar cada vez mais dependente  emocionalmente.

Mas ninguém consegue usar máscaras 24 hrs por dia, não é verdade? E há momentos em que ela se desprende do rosto revelando o verdadeiro caráter por debaixo daquele cordeirinho que é comumente apresentado. As habilidades teatrais são dignas de um Oscar e a capacidade de mentir  sem nem mover um músculo são realmente impressionantes! Muito convincente e eloquente, consegue enganar e fazer com que todos acreditem nas suas "boas intenções"! Frases comuns: - Você precisa de ajuda! Ah, eu gosto tanto desta pessoa. Eu quero ajudar! E às vezes as coisas são tão surreais que a pessoa perde a cabeça. E para as pessoas que estão de fora, parece mesmo que você é o problema. Com o tempo e acreditando ter o jogo já ganho,  o narcisista começa a cometer deslizes, deixando claro quais são as suas verdadeiras intenções. As mentiras se repetem, aliás, todos seus relacionamentos passados foram os piores da face da terra! Assim se desperta rapidamente pena e atenção - vitimismo extremo é o lema desta pessoa.

Acreditar que uma pessoa usaria outras como um degrau, como um backup, como um investimento ou como uma oportunidade de circular em lugares e grupos que ela por si só nunca teria acesso e nem condições para isso; é algo complexo. Chega a fase da desvalorização a qual tudo aquilo que no início era ótimo e elogiado, passa a ser criticado, reduzido, desmerecido. Seus bens, sua aparência, sua família, seus amigos, seus planos e seus sonhos passam a ser coisas ridículas e inúteis. As suas habilidades são copiadas e vendidas como sendo ideias dele. Tipo cópia barata da China? Você assiste tudo boquiaberta! Não tem nem condições de revidar tamanha cara de pau e esse roubo de personalidade. Depois de muito tempo duvidando de si mesmo, você resolve arrancar este espinho da sua vida. E isso sem anestesia… Isso dói muito, mas para poder tirar o veneno da cobra se faz necessário cortar a própria carne. Não adianta relutar contra isso. Coragem! Faça o que tem que ser feito! Não adianta viver de esperanças vazias e de sonhos que nunca vão se realizar. Acredite, este sonho era só seu!

Nunca fez parte da realidade desta pessoa a não ser que provisoriamente para num momento inicial te convencer de que tudo aquilo que você um dia sonhou, estavam materializados nela! Propaganda enganosa! Era a manipulação do seu coração, da sua mente e do seu ego. Seria mesmo uma questão de tempo até o vampiro chupar a última gota do seu sangue e depois jogar o seu cadáver, seco e enrrugado lá de cima do despenhadeiro. Essa pessoa não tem vida própria! E se existe ainda algum sinal vital dentro de você, tenha forças para se reerguer e recomeçar.

E encerrando agora como nas fábulas de Esopo com a moral da estória;
Revigore o seu estado de espírito! Salve-se enquanto você pode! Cure-se desta doença! Corte todo e qualquer laço com estes vampiros! Proteja a sua vida! Run, Forest, run! And never ever look back...

"A Teoria da Reatância Psicológica nasce da necessidade excessiva de autoafirmação do indivíduo e tem direta relação com sua baixa autoestima. É a auto-negação ilusória criada como estratégia, a fim de facilitar a aceitação de uma realidade impossível ou adversa".

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* Professora de Alemão  (Deutsch als Fremdsprache DAF, com certificado do MEC Ministério Alemão - BAMF-Zulassung) e Português para Estrangeiros (PLE Universidade de Tübingen),  Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de JaneiroMestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen 

19/03/2018

Sobre o sofrimento / Über das Leiden

Sobre o sofrimento/ Über das Leiden

Por Albany Estrela Herrmann*

  
Pergunta: - Por quê existem os sofrimentos? Por quê Deus permite que exista o sofrimento e por quê não vivemos um segundo Paraíso na terra?

É muito fácil colocar tudo de ruim que acontece com a gente na conta do Inimigo. Será mesmo que tudo de mau que nos acontece é culpa dele? É culpa de espíritos malígnos, dos seus seguidores ou de nossas próprias escolhas erradas?

Em todo filme que se preze existe o bandido e o mocinho, o super-herói e seu arqui-inimigo, o bem e o mal são enredo de muitas coisas: novelas, filmes, letras de músicas e estão presentes diariamente em nossas vidas.

O maior canalha que já conheci na minha vida estudou Teologia, passou anos lendo a Bíblia, dá aulas de religião e fala de Deus no trabalho todos os dias. Até a tese dele foi sobre este tema: o sofrimento. Como pode uma pessoa viver com tal moral esquizofrênica? Na igreja e no trabalho é uma coisa e em casa é outra totalmente diferente? Síndrome do médico e do monstro, talvez? Ou pura falta de caráter?

É como aquele pastor que se comporta assim: se a irmãzinha piranha gospel, dá mole, ele vai mesmo para o motel com ela para depois no outro dia, estar lá na frente de todos, pregando a palavra… E a irmãzinha “a dadeira gospel” senta do lado da esposa dele na igreja e puxa até papo!

É o irmãozinho que você conhece da igreja, que você conviveu por anos e anos e no momento que você não frequenta mais aquela igreja, vira a cara para você na rua e não quer mais contato? Você não é mais filho de Deus e virou uma pessoa desprezível por frequentar outra igreja? A pessoa que me disse isso, sabe bem do que eu estou falando…

Falemos do dízimo e das nomenclaturas religiosas. Os próprios homens inventaram tudo isso. Não há passagem alguma na Bíblia que cite o dízimo como obrigacão. Dá quem pode, dá quem tem e dá quem quer… Não acredito que Deus fique feliz em saber que uma mãe deixou de comprar pão para seus filhos, porque teve que pagar o dízimo e está passando necessidades. Tem que pagar!!! Deus vai te dar em dobro!!! Neste momento eu penso, existem necessidades imediatas na vida da gente em que não podemos esperar. Um remédio caro que precisa ser comprado, por exemplo…

As religiões que conhecemos hoje, e no Brasil são muitas, não foram determinadas por Deus. Se fosse assim todos nós deveríamos ser judeus como Jesus foi. E não somos! Isso mostra que independente da vertente da igreja que eu vá, o importante para Ele, é crer na palavra e não interessa se eu sou evangélico, católico, protestante do último dia e último suspiro que fulano deu não sei aonde!!! Gente, o importante aqui, repito, é a fé, e não qual é o nome que deram para categorizar o meu tipo de fé.

1 – Sofrer por causa de uma doença:
Às vezes penso, por quê uma criança inocente nasce com uma doença grave tipo leucemia? O quê essa criaturinha fez de errado para vir ao mundo já sofrendo assim? Esse papo de livre arbítrio e de sofrer por nossas próprias escolhas não se aplica aqui, pois a criança nunca fez nada de errado na curta vidinha dela… Então por quê ela sofre?

2 – Sofrer pela consequência do sofrer alheio:
Se os nossos filhos sofrem, sofremos por tabela. Todo pai e mãe normais se sentem assim e procuram ajudar, aconselhar e ouvir. Ouvir pode ajudar muito, pois muitos não têm com quem desabafar. No auge do sufoco fica difícil enxergar uma possível saída e quem está de fora, às vezes, tem a visão da situação como um todo e pode mostrar um outro ângulo para que a pessoa páre de sofrer.

3 – Sofrer por escolher errado:
Se num determinado momento da minha vida eu escolho conscientemente uma determinada coisa, sou responsável pelas consequências desta minha escolha. Eu escolhi uma pessoa como parceiro, caso e depois percebo que não estou feliz e que fiz a escolha errada. A pessoa muda totalmente com o passar do tempo, cai a máscara, ou eu vejo que aquilo que achava que era o melhor para mim no fim das contas não era…

4 – Sofrer pela incapacidade alheia:

Conheci uma família aqui na Alemanha que tinha adotado um menino do Brasil. Ele tinha uma irmã de 5 anos e o casal não queria separar os dois. Me chamaram para ajudar com a comunicação, pois o casal alemão não falava português e a menina não entendia nada de alemão. O garoto tinha um ano e meio, falava só algumas palavras soltas e ainda usava fraldas.
Cheguei na casa da família e ouvi que a mãe dos meninos tinha um filho atrás do outro e os jogava na rua. A menina foi encontrada embaixo de uma ponte em São Paulo com o irmão no colo. Pensei: - Coitados! Sofrendo em vários níveis! Abandonados pela própria mãe sem nada na rua e agora em outro país com pessoas estranhas falando uma outra língua que eles não entendem…
5 – Sofrer pelos erros dos outros:
Continuando o cenário anterior, uma criança inocente e que não pediu para nascer vai parar na casa de outro parente, porque os pais ou não têm condição de criar ou não querem criar esta criança. Essa pessoínha cresce ouvindo que ela é um estorvo e que por misericórdia divina e o “ótimo caráter” deste ser “acolhedor” ainda está viva.

Ela vive em processo de humilhação diário e sofre pelos erros que os pais cometeram. Nem sempre quem te extende a mão quer te ajudar. Existem as pessoas como esta que necessitam do „ibope“ de que ela sim é uma serva divina digna de todo reconhecimento por acolher uma criança necessitada, mas na verdade, ela tortura a criança psicologicamente dia após dia e para os outros se passa como sendo a boazinha de enorme coração…

6 – Sofrer porque se quer sofrer:
Estranho isso, né? Mas existem mesmo pessoas por aí que gostam de sofrer. Procuram um motivo para reclamar de tudo, de todos e só se sentem vivas se sentem dor. Parece que o corpo morreu e que não há outra coisa que as faça se sentirem vivas senão através da dor.

Sem dúvida isso é um caso para se deitar em um divã, verificar o que saiu de errado na “composição emocional” deste ser. Não é normal se mutilar fisico- ou psicologicamente para poder assim desta forma doentia “ativar” sentimentos e emoções.

7 – Sofrer por uma catástofre:
Isso não está nas nossas mãos, infelizmente. Conheci uma professora que morreu no acidente do avião da Air France saindo do Rio de Janeiro. Não sobrou nada.
Perguntas: - Todos os outros passageiros que morreram junto sofreram pela consequência de uma escolha errada do piloto?
Foi Deus que decidiu que naquela hora era o fim da linha para todos os passageiros?
Ou foi o mecânico que não checou a máquina direito e deixou decolar assim mesmo?
Ou foi o abastecedor que não colocou combustível suficiente para o trajeto até Paris?
Ou foi o Inimigo que mandou uma raio na hora e derrubou este avião matando todos?
8 – Sofrer pelo descontrole alheio:
Hoje perdi o sono no meio da noite e liguei a tv. Estava passando um documentário sobre uma escola nos USA aonde ocorreu um massacre. Dois rapazes de 17 anos, também estudantes desta mesma escola, mataram e feriram 56 pessoas. Os dois invadiram a escola às 10 hrs da manhã e a polícia só entrou no prédio às 15 hrs. Vários carros ficaram por horas parados na frente da escola escutando todos serem executados pelos dois rapazes.

Os pais destes rapazes sabiam do „hobby“deles e das armas que tinham em casa. Por quê ninguém confiscou isso deles antes que uma desgraça acontecesse?

Os diretores já sabiam das tendências agressivas dos dois e não tomaram nenhuma providência. Seguiam impunes espancando, roubando e cometendo outros delitos na escola.

Um dos rapazes fazia uso de medicamentos contra depressão e esquizofrenia. Houve até uma troca de medicamento por outro de dosagem maior. E os pais ou os médicos que receitaram isso para ele não levaram em consideração deixá-lo sob observação?
O outro rapaz tinha gravado vários vídeos falando coisa com coisa, xingando, ameaçando, rindo e provando que era no mínimo digno de ser posto em uma camisa de força. Ninguém nunca se interessou por ele. Será que esta foi a maneira que ele encontrou de chamar a atenção para si?

9 – Sofrer por vergonha:
Quando eu tinha uns 15 anos mais ou menos, ouvi a seguinte estória: uma vizinha queria muito ter outros filhos, mas não conseguia. Uma vez veio uma ajudante do interior para trabalhar no RJ e juntar um dinheiro para depois voltar para casa. A menina se envolveu com um cara e acabou grávida dele. O cara sumiu sem deixar vestígios. A menina queria abortar de qualquer maneira.

A vizinha fez a proposta de registrar a criança como se fosse filha dela e que iria dizer que foi um parto em casa: - Você volta para casa e não se toca mais no assunto. Só tem um porém, se você se arrepender um dia, nunca vai poder tirar ela de mim. Eu não vou deixar! Pense bem e me dê a resposta!

A menina passou a gravidez toda lá e o parto e tudo que precisava foi pago pela patroa dela. O combinado foi feito e ela retornou para o interior. Nunca mais se viu ou ouviu falar nela. Ela realmente fechou esta porta na vida dela e nunca olhou para trás. Será que ela não sofre até hoje pelo arrependimento de ter deixado o bebê assim? A criança não teve culpa de nada: do mau-caráter do pai, do abandono da mãe e da incapacidade da vizinha de ter seus próprios filhos. Será que foi melhor assim para ela?

10 – Sofrer por causa da consciência:
Ninguém permaneceria imóvel ao ver uma filha sendo estuprada na sua frente, ou ver seu filho sendo torturado ou abusado diante de seus olhos. Se o dano é apenas material, a gente se chateia, mas isso passa. Compramos outras vez. Deus proverá! Mas se o dano é moral e físico a estória é bem outra!

Nestes momentos desarmam-se todos os fusíveis imaginários em nossas cabeças e no coração: clack, clack, clack. É uma questão de sobrevivência e passamos a funcionar no modo animal. Ou eu mato, ou morro. A dor fala mais alto do que qualquer mandamento e a fera dentro de nós reseta todos os valores que aprendemos na escola, em casa ou na igreja. Eu tenho plena consciência de que o que vou fazer é errado, mas se eu não fizer, as consequências serão muito piores…

Se você vive uma vida voltada para seu trabalho, família e segue tudo bonitinho como manda o figurino, por quê, mesmo assim, eu tenho o meu lar invadido por pessoas que querem ferir as pessoas que eu amo? Eu sempre fiz tudo certo, sempre segui todos os valores e princípios bíblicos. Por quê aconteceu isso comigo?

Eu penso o seguinte: - Se essa(s) pessoa(s) decidiu invadir meu lar, violentar meus entes queridos, sacar meus bens materiais que foram comprados com sacrifício e são frutos do nosso trabalho, ela também fez uma escolha. Sim, a escolha errada, pois eu não conseguiria viver depois tendo estas imagens horríveis de abuso tatuadas na minha memória.

E nessa hora sobrevive o mais forte. É a leoa ou o leão defendendo a cria, defendendo-se e atacando para não perecer… Eu não sou a favor da violência, mas penso da seguinte maneira, assim como o karatê não deve ser usado para atacar, mas sim para se defender, eu tenho o direito de defesa.

Eu tenho o direito de atirar e mirar na cabeça de uma criatura abobinável que está invadindo e ameaçando violar a paz que eu construo em meu lar dia após dia? Atirar para matar dentro da minha própria casa para me defender ou para defender a minha família, é legítima defesa, na minha opinião. E a escolha errada quem fez foi quem invadiu a minha vida…

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* Professora de Alemão  (Deutsch als Fremdsprache DAF, com certificado do MEC Ministério Alemão - BAMF-Zulassung) e Português para Estrangeiros (PLE Universidade de Tübingen),  Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de JaneiroMestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen



14/03/2018

Sobre o medo de recomeçar/ Über die Angst neu Anzufangen


Sobre o medo de recomeçar / Über die Angst neu Anzufangen

Por Albany Estrela Herrmann*


  
Não importa aqui em que contexto temos que recomeçar. Fato é que não é tarefa fácil ser obrigado a recomeçar do zero: por tristeza, por vergonha, por falta de motivação, por sentir-se sem chão, sem coragem, por falta de ambição ou depois de uma desistência.

Sair do buraco requer muita força. Força de vontade acima de tudo. Existem pessoas que acreditam que (Ditado popular alemão: “para se construir uma fortaleza, deve-se primeiro derrubar a “cabana”. Somente desta forma podemos ter a certeza de que aquilo que vamos construir não irá desmoronar.

Uma base fraca não pode sustentar densas estruturas. Tentar salvar uma “obra condenada” nem sempre faz sentido! Com certeza dá muito mais trabalho do que traçar uma nova planta e refazer o “desenho”. Vejamos alguns contextos para recomeçarmos:

1 – Recomeçar na profissão:
Às vezes escolhemos um curso técnico ou superior e no meio do caminho percebemos que nos enganamos nesta escolha. E partimos para uma nova tentativa em busca daquela profissão que nos satisfaz. A questão não é só ganhar dinheiro, pois não há coisa pior do que ter que trabalhar com algo que detestamos só para poder pagar as contas no final do mês.

2 – Recomeçar a vida de casal:
Depois que os filhos crescem e se tornam independentes, os pais passam a viver sozinhos outra vez. Nossos filhos não são nossas propriedades! Eles desapegam um dia dos pais e passam a viver as próprias vidas.

O problema ocorre quando os pais esquecem que antes de mais nada, antes de serem pais, eram um casal. Muitos passam a viver para os filhos e quando estes vão embora de casa, eles já não sabem mais viver sozinhos. Eles desaprenderam a viver a vida deles a dois.

3 – Recomeçar depois de uma doença grave:
Quando uma pessoa vê a morte de perto e se depara com a famosa luz no final do túnel, ela passa a enxergar a vida de outra forma.
Percebemos que o nosso tempo para ser feliz é limitado e que desperdiçar isso é burrice! Pense bem na maneira como você está utilizando seu tempo de amar e seu tempo para ser feliz!
No fim de nossa estrada terrestre, o que permanece são os sentimentos e nossos valores. Não siga o caminho inverso valorizando somente a matéria.

4 – Recomeçar a acreditar em si mesmo:

Existem pessoas que acabam por acreditar em coisas que ouvem por aí.  Este processo de sugestão negativa corroi a alma, destroi sonhos e aniquila pessoas fracas. Frases como:
- Você é burra! Você é gorda! Você não vai conseguir mesmo… Isso é perda de tempo!
Ela funciona como a última martelada sob um prego. O segredo aqui é ser auto-crítico o bastante para diferenciar a maldade da verdade. Você tem que reconhecer se está dando um passo maior do que suas pernas! Se você confia e sabe do que é capaz, nada, nem ninguém, pode te impedir de conseguir alcançar o seu objetivo. Resete a negatividade e vá à luta!
5 – Recomeçar depois de anos de dependência:
Quando um relacionamento inicia, costumamos prometer certas coisas que posteriormente, ou não cumprimos ou então nos arrependemos de ter prometido. Coisas tipo, eu vou ser mãe e dona de casa. Vou me dedicar só à família. O marido promete ser o provedor e sustenta a família com seu salário.

Fato é que as coisas mudam com o tempo e ninguém sabe o dia de amanhã. Não podemos voltar com o relógio de nossas vidas e na minha opinião particular, um homem que sugere isso, quer ter o controle absoluto de tudo em casa. Eu vivi isso com meus pais e observei isso de perto.

Quem se sujeita a isso, irá perceber de forma dolorida mais tarde quanto tempo ficou sem pensar em si mesmo e se arrepende. Essa pessoa tem que aprender a “engatinhar na vida” enquanto adulto!

6 – Recomeçar depois de uma morte:
Eu conheci um homem que estava começando a se relacionar com uma amiga minha. Ele nos convidou para um café da tarde na casa dele. Chegando lá, ele nos mostrou os cômodos da casa até que parou em frente de uma parede com muitas fotos.

Em quase todas elas vimos uma mulher loira, bonita e sorridente. Sem que eu precisasse indagar quem era a mulher, ele disse: - Essa foi a minha esposa que faleceu durante o parto do nosso filho. Meu filho vive com os avós, pois eu fiquei muito mal depois de tudo que aconteceu.

Pensei: - Ele ainda não superou esta perda e venera esta mulher morta com esta espécie de altar mórbido em casa! Isso não é normal! Ele precisa recomeçar a viver outra vez!

7 – Recomeçar depois de um fracasso:
Quem não sonha em ter o próprio negócio? O problema aqui é que nem todo mundo nasce com dons administrativos empresariais. Não basta só ter dinheiro para abrir uma loja, equipá-la e achar que o sucesso é certeiro. Ele não é! Ser seu próprio patrão requer de você muita responsabilidade, muito controle, pesquisa, planejamento, organização, capacidade de negociação e outras habilidades necessárias para se ter um negócio de sucesso.
A falência de uma empresa reflete nada mais, nada menos, que problemas graves ocorreram e que eles foram o motivo do “barco ter afundado”. Aprender com estes padrões errôneos para não fracassar novamente, heis a questão.  O que acontece comumente nestes casos, é que se coloca sempre a culpa nos outros: nos fornecedores, nos funcionários, no azar, enfim, reconhecer o que fizemos de errado e refazer os planos é primordial!
8 – Recomeçar em outro lugar:
Nem sempre o problema é de questão geográfica. Quando saimos de um lugar, os nossos problemas vão junto com a gente! Mudar de casa, de cidade ou de país não vai resolver determinados problemas em sua vida.

Se você leva na sua bagagem determinados problemas, cedo ou tarde eles vão se manisfestar neste outro lugar também. Não adianta aqui querer tentar “varrer a sujeira para debaixo do tapete”. A melhor tática é recomeçar dentro de você!

9 – Recomeçar do fundo do poço:
Penso aqui em pessoas do tipo aquelas que: perderam o emprego, o parceiro ou vivem sem amigos e afastadas da família. É comum ouvir: - Eu perdi tudo! Minha vida acabou…

Uma vez eu fiz uma oração silenciosa e pedi:

- Vou tentar pedir desculpas e reatar o contato com todas as pessoas que briguei e não falo mais. Nem eram tantas assim. Eram apenas duas pessoas…

Pensei: - Independente de quem está com a razão, pois cada um tem mesmo a sua versão particular dos fatos, eu quero paz!

Hoje eu falo socialmente com elas e respondo educadamente, mas realmente não as vejo mais hoje com meus olhos de antigamente. Essas pessoas me prejudicaram e eu pude ver de longe que a lei do retorno ou quem sabe a Justiça Divina, as fez pagar o preço por seus atos maldosos.

Eu tentei apagar dentro de mim tudo que aconteceu. Não me vinguei. Não revidei. Meu maior prazer foi evidenciar que elas precisaram de minha ajuda posteriormente e que eu tinha a opção ou de ignorar um pedido de ajuda ou de apagar em mim os sentimentos ruins que até então tinha conservado na memória.

Resolvi me libertar disso e ajudar mesmo sabendo que um dia poderia me arrepender de novo. Eu fui maior do que toda energia negativa e percebi no olhar delas o arrependimento. O mundo dá voltas! E eu provei minha superioridade desta forma. Foi a melhor forma de me vingar que já encontrei na vida! Sendo superior!

10 – Recomeçar algo melhor:
Nem sempre um recomeço se dá porque alguma coisa ruim aconteceu anteriormente. Existem pessoas que gostam de se reinventar e de testar coisas novas. Outras querem aprimorar seus conhecimentos, conhecer gente, lugares ou têm ideais de vida distintos.

Na verdade é uma combinação entre amar o “velho” tanto quanto se ama o “novo”. Eu sou totalmente a favor de não nos prendermos à valores ou condições desfavoráveis por pura acomodação desde que se na busca pelo melhor, eu não venha a oferecer riscos ou exponha minha família para tanto.

Summa summarum:

Recomeçar é também o pesar das consequências. Deve ser uma escolha segura, pensada e coerente em nossas vidas.


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