29/07/2019

Sobre sua criança interior / Über dein inneres Kind

Sobre sua criança interior/ Über dein inneres Kind

por Albany Estrela Herrmann

 Existem sentimentos, atitudes, impressões e situações que presenciamos na nossa infância e que nos modificam para a vida inteira. Mesmo que nós mesmos não aceitemos ou até nem possamos perceber ou vê-las desta forma, elas se tornam caraterísticas do nosso caráter. A nossa realidade atual é na verdade apenas a projeção natural de tudo aquilo que vivemos no passado e que inconscientemente acumulamos dentro de nós. O nosso cérebro retém determinadas informações e as deixam escondidas e em algum lugar reprimidas. Costumamos repetir padrões de comportamento aos quais fomos expostos durante a nossa infância e isso sem nem mesmo percebermos.

Olhar para dentro de nós mesmos como se estivéssemos fora de nosso corpo e assim analisarmos o que há de disfuncional em nossos comportamentos. O que me faz agir desta forma? Isto é apenas um traço característico da minha personalidade? Será que eu carrego algum trauma não resolvido ou mal trabalhado que precisa ser discutido e sanado? Na verdade o que temos é uma criança machucada que nunca aprendeu a se defender.

O mais importante de tudo e o que eu tenho que aprender de uma vez por todas, é que eu, e somente eu, sou responsável por esta criança. Eu posso influenciá-la através de meus pensamentos e da minha maneira de agir. Como eu processo situações adversas durante o decorrer de minha vida? Aquilo que me feriu no passado ainda está contido no meu presente? Será que eu estaria tentando compensar uma dor que sofri e não pude reagir no passado, agora na minha idade adulta? Pode mesmo um sofrimento contínuo virar uma zona de conforto?

Existem pessoas que reclamam de tudo e adoram se vitimizar. Ignoram a existência de um problema e o substituem em suas vidas como sendo uma condição permanente. Substituir um pensamento negativo por um pensamento positivo também não fará com que o problema seja resolvido. Esta forma de tratar com esta problemática, ao meu ver, somente transforma o problema no processo de se viver em negação permanente da realidade.

A melhor maneira de trabalhar a dor é tocá-la como uma fita que tem que ser tocada até o final. Ela não deve ser simplesmente escondida em algum lugar no armário. Para livrar-se de um problema temos que expor o problema e não ignorá-lo. Você tem que aprender a assumir o problema, porque de todas as maneiras, ele está lá. Viver em negação não é a solução! Problemas todos nós temos, mas o que nos diferencia é como encaramos estas cicatrizes que carregamos.

Existem pessoas que carregam dores como uma segunda pele, porque elas não conhecem outra coisa na vida. Viveram com ela desde sempre se tornaram dependentes desta condição de dor existencial. Elas acreditam que só conseguem viver como o viciado que não consegue largar da droga. A sua criança interior acumulou traumas e complexos e se envergonha de seus sentimentos e se sente inferior.

Por exemplo, se alguém ouve que é feio durante muito tempo, e isso por uma pessoa muito próxima e amada, essa pessoa passa a acreditar que no espelho existe um patinho feio. Essa pessoa coloca-se no lugar dele e passa a se sentir feio. A opinião alheia a preenche e ela passa a buscar constantemente a idealização externa. Ela permanence com esta carência de reconhecimento externo e seu ego tenta compensar tudo isso com a co-dependência de terceiros.

Por outro lado, a criança interior que vive em busca de aceitação, segue revoltada e pode passar a se colocar sempre em primeiro lugar e a se achar o máximo. Se eu não recebo o reconhecimento externo, então eu passo a gerar o reconhecimento interno, a megalomania. Eu mesmo me elogio, eu mesmo me torno interessante, forte e superior. Pelo menos diante de meus próprios olhos, eu passo a ser o narcisista que tenta transformar o desprezo que recebeu pelos os outros anteriormente, tornando-se algo  especial e único.

A criança interior tem uma imagem distorcida de si mesma: ou se diminui ou se vê através de uma lente de aumento imaginária. Estas duas crianças são cheias de tristeza no peito e procuram segurança. A solidão é o lugar comum de ambas e elas cresceram sem qualquer apoio emocional. Desamparadas e frágeis durante seus processos de autoconhecimento e de amadurecimento, seguiram cada uma por si um caminho distinto. No entanto, deveriam tentar se libertar das dores da infância que se cristalizaram, tornando-se partes integrantes e características de seu novo “eu”.

Dê uma olhadinha rápida na sua criança interior! Quem sabe ela não está sentada lá sozinha dentro do berço esperando a sua ajuda? Necessitando de sua orientação e não conseguindo entender muitas coisas que a assolam. Como eu posso mudar o curso da minha própria estória? Uma coisa é certa, retornar ao passado eu não poderei… Eu tenho que aceitar, refazer e planejar esta rotina de vida. Se você pudesse retornar e falar com você mesmo enquanto criança, o quê você diria para a sua criança interior? Com certeza diria que você não precisa mais ter medo de nada, porque a responsabilidade está agora nas suas mãos. Você mesmo é o seu maior tesouro! Acredite!
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E obrigada por visitar meu blog!!!

* Professora de Alemão  (Deutsch als Fremdsprache DAF, com certificado do MEC Ministério Alemão - BAMF-Zulassung) e Português para Estrangeiros (PLE Universidade de Tübingen),  Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de JaneiroMestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen 


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