Por Albany Estrela Herrmann*
Falemos de amor agora. Assim
como o post “Uma brasileira na Alemanha”, fiz uma listinha de acontecimentos e
situações mostrando que paquerar em meios culturais diferentes, requer
sobretudo, novas táticas de conquista. Claro que este texto não pretende ser
nenhum “survival guide” sentimental, mas mostra de maneira divertida que
devemos tentar entender o que o outro pensa, principalmente se este outro tem
uma nacionalidade diferente da nossa.
Em primeiro lugar e na minha
opinião o mais importante de tudo, seria o tipo de “approach” que fazemos. Este
tem que ser feito em doses “homeopáticas”, sem muita sede ao pote! A conquista
é ao mesmo tempo uma forma de conhecer melhor a pessoa. Uma abordagem brusca
assusta ou ainda, você pode ser mal interpretado/a.
Muitos europeus têm medo dos famosos: golpe da barriga, golpe do passaporte ou o velho golpe do baú. O brasileiro, em geral, não perde muito tempo e vai com tudo atrás do que lhe interessa. Tudo é válido nesta hora: torpedo, cartinha, mandar um amigo investigar o “terreno”, mandar flores com uma declaração dentro e por fim o mais comum, o confronto olho no olho.
Se uma tentativa de aproximação não dá certo, não é razão para se perder o jogo de cintura. Na Alemanha, por exemplo, funciona diferente. O medo da rejeição faz com que os alemães sejam muito cuidadosos.
Muitos europeus têm medo dos famosos: golpe da barriga, golpe do passaporte ou o velho golpe do baú. O brasileiro, em geral, não perde muito tempo e vai com tudo atrás do que lhe interessa. Tudo é válido nesta hora: torpedo, cartinha, mandar um amigo investigar o “terreno”, mandar flores com uma declaração dentro e por fim o mais comum, o confronto olho no olho.
Se uma tentativa de aproximação não dá certo, não é razão para se perder o jogo de cintura. Na Alemanha, por exemplo, funciona diferente. O medo da rejeição faz com que os alemães sejam muito cuidadosos.
De fato, o medo de ser
rejeitado é a maior barreira que os estrangeiros enfrentam na hora da
conquista. Em tudo que eles fazem e pensam, eles esperam sempre 100% de perfeição
e se algo tem a ligeira chance de não dar certo, já é motivo para nem sequer
tentar. Resignação total! Talvez por isso muitos brasileiros digam que os alemães
são frios e que não mostram seus sentimentos, principalmente em público.
O brasileiro mostra logo de cara o que está pensando e sentindo. Sem medo de ser feliz! Nossa maneira de amar é muito verbal. É muito física! É muito explícita! Aquela sensação gostosa de ter “borboletas na barriga”, sabe? Nós somos românticos de carteirinha. Isso é inegável! Mas em se falando de amor, as regras do jogo mudam de acordo com a nacionalidade da pessoa que estamos interessados. Ao meu ver, tudo depende da técnica de abordagem.
O brasileiro mostra logo de cara o que está pensando e sentindo. Sem medo de ser feliz! Nossa maneira de amar é muito verbal. É muito física! É muito explícita! Aquela sensação gostosa de ter “borboletas na barriga”, sabe? Nós somos românticos de carteirinha. Isso é inegável! Mas em se falando de amor, as regras do jogo mudam de acordo com a nacionalidade da pessoa que estamos interessados. Ao meu ver, tudo depende da técnica de abordagem.
Quanto mais velhos ficamos,
menos coragem para nos declarar temos. Até mesmo em relações uninacionais tipo brasileiro
x brasileira. Além disso, outro item importante é que nem só de aparência
física vive o homem... Digamos que o “layout” conta muito, mas só no início.
Depois da fase puramente “carnal” de qualquer relacionamento, outras coisas
passam a ocupar um papel importante. Para mim são elas: o humor, interesses em
comum mesmo que poucos, a química, o respeito, a amizade, a pura empatia e a vontade
de estar ao lado desta pessoa sem pensar no resto. Ficamos mais exigentes, mais
criteriosos e mais reservados na hora que o cupido nos flecha de jeito...
Eu não
acredito que exista mesmo uma pessoa certa para cada um andando por este mundo
afora, a tal da “outra metade da laranja”. Eu acredito que somos nós que
fazemos as nossas escolhas: umas certas, outras erradas, no decorrer de nossa vidas.
Quem lê meu blog já está
acostumado com a minha veia humorística (que na verdade está mais para artéria
rs rs rs), então fiz uma nova listinha relacionada ao tema de hoje. Enquadrei o
tópico atual em diferentes situações: algumas observei de longe, outras senti
na pele... A paquera na Alemanha é algo discretíssimo, quase mediúnico:
A=Alemão e B=Brasileira
Primeira tentativa: Na floresta
A: Vamos dar um passeio na floresta?
B: Sim, claro! E pensa: - Oba! De hoje ele não me escapa!!!!
Depois de horas e horas e horas perambulando pelo mato, nenhuma pista, nem
pergunta mais picante, nem tentativa de aproximação e o passeio termina com um
“tchau”.
B: Ha? O cara não tentou nada???!!! Então é porque não está a fim...
Segunda tentativa:
No cinema
B: - Está passando o filme X (na verdade nem interessa qual é o filme que está passando). - Vamos no cinema?
A: - Você já leu as críticas a respeito do filme?
B: Pensa: Hein? Ai meu Deus! Fala: - Ähm, sim. Parece bom...
A: (Já no cinema). Vira para o lado de vez em quando e dá um sorriso.
Pergunta: - Está gostando do filme?
B: - Sim, muito. Pensa: Quando é que ele vai finalmente chegar mais pra cá
e colocar a mão dele no meu ombro ou na perna, hein??? E o passeio termina com
um “tchau”.
Terceira
tentativa: Na discoteca
B: - Vou sair para dançar hoje de noite. Alguns amigos brasileiros também vão estar lá. Interesse?
A: - Não sou de dançar, mas vou passar lá sim...
Dentro da discoteca. A: Vou pegar uma bebida para mim. Você quer alguma
coisa?
B: - Quê???? Música bem alta! Bebiiiiidaaaa? Siiiiiim!
A: Voltando do bar. Onde ela está????
B: Se acabando de dançar com os amigos brasileiros que encontrou neste meio
tempo. Depois de um tempão, lembra que não estava sozinha, mas ele já foi para
casa estudar para uma prova no outro dia...
E o passeio acaba SEM tchau...
E o passeio acaba SEM tchau...
Quarta
tentativa: No restaurante
A: - Vou sair para comer uma pizza. Eu te convido!
B: - Claro! Vamos sim!
A: Pegando o cardápio: - Olha só, daqui até aqui você pode pedir o que
quiser. O resto não, pois é muito caro!
B: Pensa: Putz! Perdi até a fome! Fala: - Ok!
Quinta
tentativa: Na festa
A: - Você não falou que vinha às 20:00h! São 20:30h!!!!
B: - Relaxa! A gente nunca chega na hora certinha no Brasil. Peraí, não tem
música aqui! Ninguém está dançando...
A: - Isso é normal em festa alemã. Quer beber alguma coisa? Uma cerveja?
Vamos sentar ali junto daquele grupo.
B: - Eles estão conversando sobre o sistema político alemão??!!!
Socoooorrro! E muita gente está fumando, todas as portas e janelas estão
fechadas por causa do frio. Céus, minha asma!!!
E o passeio termina com ela saindo de fininho dizendo que ia pegar um “ar fresco” (frische Luft para alemão) no lado de fora. Corre para o próximo ponto de ônibus para voltar para casa.
E o passeio termina com ela saindo de fininho dizendo que ia pegar um “ar fresco” (frische Luft para alemão) no lado de fora. Corre para o próximo ponto de ônibus para voltar para casa.
Sexta tentativa:
No shopping
Ele espera na porta do shopping, olhando para o relógio de segundo em segundo. Ela chega e eles entram.
A: - Nós já estamos andando pelo shopping há 2 horas e você ainda não comprou nada!
B: - Eu gosto de ficar “namorando” as vitrines, comparando os preços...
A: - Mas do quê você está precisando?
B: - Nada em especial, só tô olhando.
A: ????????????????
Sétima
tentativa: Na piscina do clube
A: - Vamos no Freibad (clube com piscina)?
B: - Sim, boa ideia. Pensa: Vou poder finalmente estreiar o meu biquini
novo que comprei no Brasil nas férias passadas!
A: - Acho melhor você passar um protetor solar.
B: - Sim, daqui a pouco eu passo. Estou acostumada com o sol.
A: - Eu não saio de casa sem o meu protetor solar fator “1 milhão”.
No mesmo dia, mais tarde. Brasileira toda vermelha igual a um tomate e
brilhando no escuro igual a um vagalume (Glühwürmchen).
B: - Que vergonha! Eu já me desacostumei com o sol... E o passeio acaba com
“ai, ui, tchau vou passar na farmácia agora”.
Oitava
tentativa: Na universidade
A fica olhando para B toda hora durante a palestra e joga um sorriso para
ela de vez em quando.
B pensa: Opa, tá querendo alguma coisa comigo! Yupiii hey!
B: - Tomei coragem para vir aqui falar com você.
A: - Falar o quê?
B: - Mas eu pensei que...
A: - Eu tenho namorada!
B: Não deixa a peteca cair e diz: - Mas eu não sou ciumenta!
A: - Hein? Você o quê?????
B: - Deixa pra lá... (Nem tchau teve)
Nona
tentativa: No zoológico
A: - Vamos no zoo da cidade hoje?
B: - Vamos sim!
A: - Mas, me diz aí, como é a Amazônia?
B: - Não sei, nunca fui lá.
A: - Mas você não é brasileira?
B: - Sim, sou. Nem todo mundo no Brasil mora pertinho de alguma reserva
indígena, sabia?
A: - Eu pensei que era perto... Aqui na Europa tudo é pertinho.
B: - O Brasil é quase um continente! E além disso, nós não “hablamos español”...
Décima
tentativa: Agora ou vai ou racha!
B: - Quero falar com você!
A: ?
B: - Você tem namorada, né?
A: - Ähm. Tinha. Ela terminou comigo depois de “cem anos” de namoro.
B: - Quer dizer que você está sozinho agora?
A: - Ähm... Acho que sim...
B: Agarra ele e tasca um beijão digno de “cena final de filme de Hollywood”.
A: - Wow! Caramba!
B: - Que foi?
A: - Pensei que você nunca ia fazer isso!!!!
B: ?????????????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Encerro meu post deixando o final do Soneto da Fidelidade de Vinícius de Moraes:
[...]Eu possa lhe dizer do amor que tive:
Que não seja imortal, posto que é chama.
Mas que seja infinito enquanto dure”.
Se você gostou, compartilhe e repasse meu link!
E obrigada por visitar meu blog!!!
* Professora de Português para
Estrangeiros na VHS de Stuttgart, Licenciada em Letras Português e Alemão
pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro e Mestre em Filologia
Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen, Alemanha.
19 comentários:
É a triste verdade das brasileiras que vivem na Alemanha rs. Mas com um pouco de adaptacao chega-se a uma solucao :-)
Agradeco pelas inúmeras visitas e comentários via Facebook. :-)
Obrigada por sua visita, Lorena! Apareca! Abraco! Albany :-)
Muito bom! Já aconteceu comigo a quarta tentativa: no Restaurante. Aliás, foi a coisa mais brochante que já vivenciei e perdi o apetite na hora. Se não tem grana, não convida para um restaurante! Um brasileiro não faria isso nunca!
I told you that was the way, that is, GOING YOUR WAY. Now you have to post a version in German and another in English. Vania
Nobody can stop somebody who does what s/he loves! How about the English and German versions of it? Vania
Parabéns, menina.
No time at all!!! Coming soon asap...
eu ri mt lendo este seu post e me lembrei de algumas situações pelas quais eu passei qndo estive morando na Alemanha.
O pior q é assim mesmo, eu acho q os alemães tem tanto medo q sempre espera pela atitude da mulher .... foi assim q eu conheci o meu ex, resumindo dp de 2 horas na troca de olhares e sorrisos eu dei o numero do meu cel pra ele e no dia seguinte ele me mandou uma msg kkkkk e assim foi
Mt bom seu dialogo kkkkk
A mesma coisa na Suécia, aconteceu comigo igualzinho a tentativa 1 floresta e a 2 cinema, mas com o filme na casa dele, e máximo que aconteceu na segunda tentativa foi ele pegar na minha mão, rsrs. mas adorei esse tipo de encontro, pq nós brasileiras sabemos q isso não acontece com os brasileiros, na primeira oportunidade e o cara já pensa q pode por a mão onde quiser, rsrs.
Obrigada, Mari. Infelizmente existem pessoas que ou nao entendem meu tipo de humor ou entram no meu blog pensando que aqui é consultório psicológico e ainda tem aquele lance que existem as "brasileiras" e as "as brasileiras" na Europa. Se é que você me entende rs rs rs... Minha intencao nao é falar mal de ninguém, seja lá qual for a nacionalidade e sim mostrar como, às vezes, é difícil para nós conquistar um estrangeiro... Fico feliz que meu recado tenha chegado até você da maneira que intencionei. Seja sempre bem-vinda para trocarmos ideias... Abraco da Terra do Chucrute. Albany :-)
Obrigada, menino! ;.)
Eu sei, mulher!!!! Saudades de nossos papos na cozinha do alojamento estudantil tomando um Sekt contigo e falando da vida... Muitos dos meus "causos" nasceram lá... Beijos e saudades! Albany
Kkkkkk. Eu ri muito lendo seu post. Adooorei seu jeito de escrever e me ajudou muito. Estou paquerando um alemão e não sei o que fazer. Ele parece uma geladeira. Fico com medo de fazer perguntas e ser mal educada ou de dar um passo a mais é ser mal interpretada. Principalmente, porque sei que eles têm medo de golpes e pistoleiras. O que faço?
Kkkkkk. Eu ri muito lendo seu post. Adooorei seu jeito de escrever e me ajudou muito. Estou paquerando um alemão e não sei o que fazer. Ele parece uma geladeira. Fico com medo de fazer perguntas e ser mal educada ou de dar um passo a mais é ser mal interpretada. Principalmente, porque sei que eles têm medo de golpes e pistoleiras. O que faço?
Kkkk Acho que você encarar alguns passeios como eu kkkk. Uma coisa é certa, paquere em doses homeopáticas...
Seja bem-vinda! Apesar de muito trabalho, sempre dou um pulinho aqui! :)
Maneiro o seu post prima. O que está faltando ai é vcs mulheres contratar um carioca pra pegar geral na night e eles ficarem bola dos. Kkkk. Beijos.
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