Estou de volta, gentem! Saudades de vocês e de escrever um pouco sobre as minhas aventuras. Resolvi fazer um texto sobre o meu trabalho (pelo menos um deles). Espero que gostem! Beijos da Estrela *
Quando trabalhamos com diferentes contextos
escolares e, no meu caso, com alunos de diferentes nacionalidades, nos
deparamos com algumas situações curiosas. O professor passa a ter que se ocupar
com diferentes tipos de alunos e tenta aplicar metodologias paralelas em sala
de aula para suprir necessidades específicas. Nem tudo funciona com todo mundo, heis a problemática. Nem todo mundo se identifica com todo método de ensino e nem
mesmo todo professor tem “cacife”
para trabalhar com todo tipo de metodologia…
No Brasil o ambiente educacional é muito mais
descontraído do que aqui na Europa e não há esta distância “Grand Canyon” entre o acadêmico e o
aluno, a tábula rasa. As relações são muito mais informais, o que
leva o aluno a se sentir totalmente à vontade em sala de aula e com o seu professor.
Bem, claro que alguns se sentem à vontade demais, prejudicando o andamento da
aula, perdendo o respeito, criando as tais das “asinhas”.
O problema está em
saber dosar as coisas e obter uma mistura de clima descontraído e de respeito para
transmitir o conteúdo programado. Eu tento trabalhar assim, mas sei que muita
gente prefere o sistema: - Você calado já está errado, garoto! Quem é o
professor aqui?
Aquele lance de colocar o professor no papel de
semi-deus grego que detém o saber absoluto e que só ele é o detentor do
conhecimento, ainda existe. E como! Aqui na Alemanha muitos alunos têm medo até de
fazer perguntas, tremem como vara verde se eu chego perto da cadeira deles,
preferem ficar invisíveis em sala de aula (se o escudo invisível um dia vir a existir
de verdade, vai ser uma invenção alemã com certeza he he he), não gostam muito
de sair do lugar onde estão sentados, atividades em dupla só se for
extremamente necessário ou inevitável e só se for com alguém que eles conheçam. Eles são muito,
mais muito DETALHISTAS, demais da conta, pra chuchu, à beça, de montão, pacas, pra
caramba, à vera, de com força (ufa, desabafei)! Ai de tu, jaburu, se você não
domina a sua matéria muito bem! Eles arrancam o teu couro e botam no sol pra
secar…
Se o professor não domina muito bem uma temática,
pode crer que o aluno vai chegar em casa e só de raiva vai pesquisar na
net TUDO que for possível a este respeito e vai, com certeza, continuar
testando seus conhecimentos na próxima aula e perfurando a “ferida com um
salzinho maneiro”. Sadismo germânico...
Ninguém é perfeito e ninguém é obrigado a saber de tudo. Eu
nunca tive problemas em responder perguntinhas “cabeludas” inesperadas, fora de
contexto, ou sei lá, que não estava esperando num determinado momento. Jogo de
cintura e conhecimento não me faltam, além de eu ser chatinha pra caramba. Não
admito que ninguém me pegue de surpresa… E isso requer de mim horas extras de
estudo e o trabalho de imaginar/potencializar possíveis pepinos. Tô pronta para o que der e vier… Veeeenha!
Se eu não trabalhasse como professora, poderia ser atriz, numa boa, sem
problemas. Aliás,
o professor executa vários papéis em sala de aula. Ele é multifuncional:
Diplomata – escuta com atenção o que os alunos
dizem. Às vezes são as perguntas mais idiotas da face da terra! Todos são
(ou devem ser) tratados com respeito e educação. As respostas são compiladas dentro do
cérebro, passam pelo estômago e voltam para os lábios a fim de serem
devolvidas. Um regugitar, um „input e
output“ de conhecimentos. E somos nós que tentamos tirar o melhor proveito
das perguntas, transformando, ás vezes, num esforço imenso de reciclar algumas
coisas que temos que ouvir por aí nestas salas deste mundão de meu Deus.
Eu
levo TUDO na brincadeira. Minha maior arma é o humor. E a ficha acaba caindo…
Algumas delas ainda estão rolando por aí sem rumo he he he :)
Animador e humorista – essa sou eu, claro! Professor
falante que adora fazer rir e procura prender a atenção dos alunos com alto
astral.
Eu ando pela sala. Dou respostas inesperadas.
Escolho uma vítima e faço uma pergunta de um tema anterior. E a adrenalina da galera vai subindo numa mescla
de medo e divertimento… Muitos colocam até as mochilas nos corredores me
embarreirando e achando que eu não vou me dar ao trabalho de passar por ali.
Ledo engano dos tolinhos…
Nerd – é o professor que saca muito, é muito
inteligente, mas não sabe passar a matéria bem. Parece que ele está dando aula
para ele mesmo e todo mundo vai embora falando pelos corredores que viajou na maionese
na aula do cara ou que dormiu ou que estava escutando música e etc…
Playboy – este é o professor que usa do status
dele para sair pegando geral na escola ou na universidade. Tem muito aluno/a
que tem a maior tara por conquistar professor, de sair com um cara mais velho.
O solteirão playboy se aproveita disso para jogar a sua rede e não está nem aí
com os outros estão pensando. Ele abusa da sala de aula como se estivesse em um
site de relacionamentos, sem contar que faixa etária vira, digamos, um pequeno
detalhe…Mas vem cá, isso não é proibido? Bem… Vamos abafar o caso…
Preguiçoso – o professor que chega sempre
atrasado, não sabe mais o que ele deu na aula anterior, manda a boazuda da sala
apagar o quadro, um outro fazer a chamada para ele, um outro ir na cantina
buscar um café para ele e deixa todo mundo passar de ano sem que ele tenha
feito muita coisa. Eu tive uma professora assim na universidade, mas não vou
falar o nome, somente vou dar uma pista pra quem estudou com ela:
- Haaaaalloooooo! Haaaaallooooo!
Desastrado – este professor mal entra na sala e
deixa cair os papéis da pasta dele, tropeça no batente, se suja todo com o
apagador. Erra o horário e a sala que deveria estar. Começa então finalmente a
dar a aula quando percebe que já tinha dado tudo aquilo na semana passada e que
ele estava repetindo o conteúdo. Programm
error… Putz! Foi mal, hein? Sorriso amarelo sem graça…
Atencioso – pergunta sempre se há dúvidas, se
precisam de ajuda, circula pela sala para conferir o rendimento da galera, se
dedica ao máximo, mesmo sabendo que o salário ó!!! Na verdade, os alunos ficam
com pena dele ou dela, pois sabem que o que se investe em tempo, carinho e
cuidado em se preparar as aulas não tem o retorno esperado. Ou pela turma
desinteressada ou pelo salário que não cobre nem os custos pelo material
diário.
Seja lá qual for o seu tipo enquanto professor ou da sua experiência, p. ex.
no papel de aluno, uma coisa é clara, não é qualquer um que pode ser chamado de
professor. Saber muito sobre uma coisa não significa de modo algum que você
está apto a transmitir este conhecimento. E não é só porque você nasceu
naquele país e fala esta língua fluentemente que isso te transforma
imediatamente em professor.
Eu acho o fim da picada, contratar quem não tem a
menor noção de didática, prática de ensino, gramática e se nomeia professor/a.
No mínimo acho isso surreal, ser comparada com alguém que não sabe o trabalhão que é,
sem contar a dedicação, de se cursar uma Licenciatura em Letras.
Engraçado isso, eu não me nomeio dentista, advogada, engenheira, bióloga
(e etc…), mas parece que qualquer um pode se entitular professor… Outro dia ouvi um professor universitário dizer
que a mulher dele não tinha estudos, mas experiência. Muitas das coisas que nós
professores de carteirinha e registro no MEC temos, nos foi transmitida através
dos cursos universitários! Quem me garante que um cara que arranca dentes há
vinte anos, sabe mesmo o que ele está fazendo?
E fica dado o meu recado:
- Nada contra quem quer
trabalhar como professor tipo viúva Porcina “o/a quem foi sem nunca ter sido”,
mas que reconheçam, pelo menos, o valor de quem é realmente qualificado.
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E obrigada por visitar meu blog!!!
2 comentários:
Ai, Albany, muito bom o seu texto. Queria eu ter tido uma professora como você. Concordo quando você diz que o sistema educacional no Brasil é bem diferente no que tange à proximidade entre acadêmicos e professores. Infelizmente, pelo menos no meio universitário, ainda existem muitos "grand canyons" por aí, mas fazer o quê, né? Boa sorte para você e boas aulas. Quanto aos alunos que nos trazem perguntas capciosas, eles sempre existirão, tanto aí quanto aqui no Brasil. A dica é sempre estar muito bem preparado para elas. Mas, como você mesmo afirmou, ninguém pode saber de tudo. Bom que seja assim. Bom que sejamos humanos! Um grande beijo do amigo Mário.
Obrigada, meu querido! Seja sempre bem-vindo! :)
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