Por Albany Estrela Herrmann*
Olá, meus queridos. Resolvi escrever um post
dedicado ao público masculino (afinal de contas, fiz um sobre a vaidade da
mulher brasileira para o público feminino) e desta vez falo um pouco do
vocabulário relacionado ao mundo futebolístico, seu léxico especial, sobre
alguns narradores/comentaristas; já que estamos em tempos de pré e pós Copas. Como
não poderia deixar de ser, levo para o lado divertido e apresento um vídeo de
Marcelo Adnet imitando alguns famosos deste meio.
Primeiro falemos sobre a Copa do Mundo. Foi o
francês Jules Rimet quem criou a primeira Copa do Mundo em 1928, após ter
assumido o comando da instituição mais importante do futebol mundial: a FIFA
(abreviação de Federation International Football Association). A competição foi
realizada em 1930, no Uruguai, convidando um grupo de visionários
administradores futebolísticos franceses, liderado na década de 1920 pelo
inovador Jules Rimet, que teve a ideia original de juntar as melhores seleções
de futebol do mundo para lutar pelo título de campeões mundiais. A taça de ouro
original levou o nome de Jules Rimet. A Segunda Guerra Mundial interrompeu o
campeonato por doze anos.
Foram escolhidas treze seleções previamente
selecionadas pela FIFA para participar do evento sem disputa de eliminatórias:
Países que participaram da 1a Copa |
As treze equipes foram sete da América Latina
(Uruguai, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Peru), quatro da Europa
(Bélgica, França, Iugoslávia e Romênia) e duas da América do Norte (México e
Estados Unidos).
Como não poderia deixar de ser, a rainha das listinhas preparou mais uma com um vocabulário sobre futebol:
1- Por quê escolher esta temática?
As palavras que escolhi estão contidas em um contexto
comunicativo específico e algumas não podem ser observadas separadamente.
Muitos alunos estrangeiros encontram aqui dificuldades em seguir este fluxo
informacional. Unindo o útil ao agradável, resolvi trabalhar isso em sala de
aula (vide posts sobre as minhas atividades em sala de aula aqui na Alemanha).
2 – Avaliando as dificuldades de meus alunos de
PLE
Acredito que minha listinha (incompleta por falta
de tempo) seja bastante interessante. Alguns exemplos das várias dificuldades
enfrentadas:
A velocidade que os narradores esportivos falam e
o que cada comentarista diz.
A maneira como o narrador ou comentarista fala,
carregando sua pronúncia de emocionalidade (goooooooooooooooooollll)!
As estruturas padronizadas por eles utilizadas são
elementos linguísticos muito particulares e de atuação especial.
A altura da voz, o rítmo, o alongamento silábico ou
vocálico, inúmeras repetições atuando como intensificadores frasais. Todos
estes são recursos que marcam a importância ou uma certa mudança de tratamento
ou ainda de uma situação.
Na verdade, todo locutor tem intenção de usar um
estilo “clean” a priori e ser formal no momento em que está narrando uma
partida. Como elas ocorrem muitas vezes ao vivo, o que ocorre na verdade, é o
contrário. Muitos elementos de uso exclusivo oral, informal e até “agramáticos”
infiltram-se em seu processo de construção do discurso (meu tema de mestrado foi
a construção do discurso infantil bilíngue, logo, bem parecido!).
Há toda uma mistura de registros, troca de códigos,
interrupções de fluxos, formando um conjunto bem heterogêneo, mas que não deixa
de atuar de forma harmônica (pelo menos para nós brazucas).
Mas e os pobres alunos
de PLE? Como entender algo tão complexo? Talvez uma saída seja freiar
determinadas escolhas lexicais do tipo bordões, piadas internas, a metalinguagem…
Como explicar tais fenômenos linguísticos de uma maneira interessante?
-
A
gente volta já, já! (nos bordões, as repetições enfáticas)
-
Sai daí não, viu! (negação verbal
invertida)
-
Quero não, posso não… (remete à
letra da música…)
-
Quê,
quê isso, meu! Assim “as mina pira” (metadiscurso)
-
Pronúncia
(r retroflexo do Galvão Bueno)
-
Risadas
e gritos, aumento repentino do tom de algumas sílabas
Terminando este post, deixo uma pequena transcrição
que fiz do vídeo sobre a Copa das Confederações deste ano.
Viel Spaß!
Divirtam-se! E até mais! Albany :D
Transcrição
parcial (por falta de tempo!):
Bem aMIgos! Haaaaaaaaja coração! Quem é que SObe?
Olha o que ele fez? Olha o que ele fez? Olha o GOl!
Errrrrrrrrrgue o braço! Vai que é tua, Taffarel! É TEtra! É TEtra! É
teeeeeeetra!
Vamos ver agora a escalação (risos) dos atores para esta SEMAna, amigo!
Jogadorrrrrr 1: rrrrrrrrrrr Felipe Rogério, amigo!
Jogadorrrrrr 2: rrrrrrrrrrr Felipe Pontes – vários paPÉis.
Marrrrrrrcelo Adnet - como professor.
Rrrrrrrr Humbert Martins rrrrrrr.
Rrrrrrrrrr Maricreuza, a faxineira! Ela não atua, mas limpa as nossas b/
BOM, são os gladiadores do terrrrceiro milênio, aMIgo!
E agora, segura
que eu quero ver! Segura que eu quero ver! Segura que eu quero ver!
RRRRRRRRRonaldo! […]
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* Professora
de Português para Estrangeiros na VHS de Stuttgart, Licenciada em Letras
Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro e
Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen,
Alemanha.
2 comentários:
Ótimo post. Outro dia vi o professor Sérgio Nogueira num programa esportivo da Sportv. O tema da entrevista: clichês e lugares-comuns que fazem parte do vocabulário de boa parte dos jogadores e, também, de alguns jornalistas da área.
Obrigada, Rai. Seja sempre bem-vindo! Bjs
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