Por Albany Estrela Herrmann*
Olá, meus queridos. Eis que estou de volta à ativa e resolvi escrever um
pouco sobre as minhas férias. Como não poderia deixar de ser, a rainha das
listinhas que vos fala, preparou mais uma. Aí vai:
1- Comer em rodízio
A tradução correta da palavra rodízio em alemão deveria ser “Fresstempel”
(templo para devorar ou da gula). Nossa, se não fosse a balança, visitaria um
destes toda semana. O problema vem depois com o estômago pedindo socorro…
Morro, mas morro feliz!
Restaurantes
self-service, outro pecado ao meu ver, pois com tanta fartura, a gente acaba
perdendo a linha. O ato de montar o prato, acaba virando um malabarismo e
atividade acríbica na hora de empilhar as mil e umas comidas no pratinho raso
que eles têm. Como queremos provar de tudo um pouco, o prato acaba tornando-se
uma obra digna das do saudoso Oscar Niemeyer… E depois, por fim, locomover isso
até uma balança sem deixar cair nada é outro ato de bravura!
2 - Contratar
serviços de um pedreiro
Normalmente
quem contrata no Brasil é o „homem da casa“. Como na minha casa, este também
sou eu, tenho que enfrentar algumas dificuldades básicas com estes caras:
- Conhecimentos de matemática básica. Tudo bem que eu estudei Letras, mas não
sou “número-fabeta“ não, gentem! Caramba! E olha que eu tento ser o mais gentil
possível com as pessoas. Afinal, gentileza, gera gentileza e não lerdeza, gera
lerdeza!
- Falar contigo
como se você fosse retardada e achando que vai se dar bem as suas custas,
porque mulher não entende nada de obra mesmo… Ledo engano… Comigo não, violão!
- O indivíduo demora 3
dias para um serviço de meio dia, porque pára toda hora para ficar de papo com
o vizinho ou um amigo que passa na rua…
-
Eu: Tem
problema não! Eu só vou te pagar quando você acabar mesmo…
Quanto mais tempo você demorar, mais tempo vai ter que
esperar para receber o seu dinheiro… E não é que depois disso o negócio saiu
como que num passe de mágicas!!! Rs rs rs
- Como alguém pode
trabalhar na construção civil sem usar medidores e ferramentas??? Este „mistério
da Esfinge” ele não soube me explicar até agora… Tipo cirurgião sem bisturi,
professor sem livro, analista de sistemas sem computador, piloto sem avião,
dentista sem dente, cantor mudo, motorista sem carro e por aí vai…
3 - Marcar alguma coisa com alguém
Você se arruma toda e fica esperando sem que a pessoa apareça ou pelo
menos avise que não vai mais… Eu já tinha esquecido que nem tudo que se diz é
sério no Brasil. Muitas pessoas gostam do “ser simpatiquinho na hora”, mas
vazio depois, do que o direto ao ponto e doa a quem doer típico da Alemanha.
Neste ponto, prefiro ser igual ao alemão que te fala na lata o que
pensa, mas que também não cria expectativas em vão. Se ele fala que vai, ele
vai. Se fala que faz, ele se vira nos trinta e faz. Nem que seja ao badalar do
sino da meia-noite.
Nem sempre, o nosso “passa lá para tomar um cafezinho” significa mesmo
que queremos tomar o tal do cafezinho ou ver aquela pessoa de novo. Simplesmente
é uma finalizada de papo simpática que ocupa mais ou menos o lugar das
reticências na frase… To be continued… Fortsetzung folgt…
4 - Praia de Copacabana
Fui comprar uma água de côco e ouvi do vendedor que sou gatinha! Ha ha
ha, ganhei o dia, moço - respondi no maior bom-humor! Primeiro que de “inha” não
tenho mais nada e depois que eu estava de chinelo, biquini, largadona “num doce
balanço a caminho do mar” rs rs rs.
5 - Hey, wanna buy some? Cheap! Cheap!
E o camelô de cangas e toalhas que vê minha branquice e me oferece a
mercadoria só que em inglês. Eu: - Pô, aí, eu sei que tô brancona, mas
falar comigo em inglês é sacanagem, hein? Putz!
Ai, ai, mas voltando aos elogios, faz falta ouvir essas coisas, viu?
Mesmo que seja mentira ou que ele esteja só com segundas ou terceiras intenções,
o efeito é benéfico de qualquer maneira. Sem dú-vi-da!!! Se é verídico, são
outros quinhentos!!!
6 - Levar um tombão no meio da rua, levantar e sair de fininho
Por causa de um quebra-molas que mais parecia
ter sido feito inspirado nas Muralhas da China, levei o maior tombo!!! A
vergonha de levantar toda ralada foi pior do que o tombo em si!
Fiquei com o braço e o joelho ralados para lembrar do mico que passei.
Epa, peraí, mas falando em mico, alguém sabe de onde vem esta expressão?
Ela vem do baralho infantil Jogo do Mico, fabricado no Brasil desde a década de 1950. No jogo, as cartas têm figuras de animais e o jogador tem que formar pares com o macho e a fêmea de cada espécie. Mas no baralho o mico não tem par! Quem termina com a carta na mão perde, ou seja, paga o mico.
Ela vem do baralho infantil Jogo do Mico, fabricado no Brasil desde a década de 1950. No jogo, as cartas têm figuras de animais e o jogador tem que formar pares com o macho e a fêmea de cada espécie. Mas no baralho o mico não tem par! Quem termina com a carta na mão perde, ou seja, paga o mico.
7 - A praia estava deserta
Ir para praia no inverno e ver que está quase que vazia! Tudo bem que a
água estava geladona igual ao que costumo encontrar aqui na Alemanha, mas o sol
estava show. Nem muito quente, nem muito frio. Apenas perfeito para a minha
pele desbotada e quase que transparente. O bom de ser carioca é que 30 minutos
já são suficientes para adquirir um bronze legal. Graças à farta melanina que
painho me deu, fico morena rapidinho…
8 - Andar de ônibus no Rio
![]() |
O motor do lado do motorista |
Percebi de perto o estresse que os motoristas/cobradores passam.
Comentei com uma amiga a respeito disto. Muito desumano fazer alguém trabalhar
por dois, no trânsito do Rio de Janeiro e ainda por cima ser descontado direto
na folha de pagamento por todo e qualquer dano exterior causado. O seguro
(quando um foi feito) só cobre a parte mecânica do ônibus. Espelhos, vidros e
pintura são problema do motorista caso sejam danificados.
Sem falar que o Mercedes-Benz standard não
funciona no Brasil. O coitado tem que trabalhar com o motor do lado, um calor e
barulho infernais e isso por horas e horas. O motor geralmente fica embaixo do
carro, é bem escondido e silencioso, mas no Brasil fica do lado do motorista.
9 - Eu não sou fresca só porque moro no exterior
Primeiro que eu não falo nada a este respeito. Pra quê ficar fazendo
este tipo de “marketing pessoal” no Brasil? Quando encontro alguém na rua e
este alguém me pergunta por onde tinha andado, respondo que não moro mais ali e
que moro no sul. O que não deixa de ser verdade, moro no sul, no sul da Alemanha.
Existem algumas pessoas que sabem e fazem questão absoluta de dizer isso.
Exemplo: Eu na fila do Carrefour, pensando na vida, esperando a minha vez de
pagar, quando passa um conhecido.
Ele berrando: -
E aí, AAAAAAlbany, como vai a Alemaaaaanha? Você na mora na Alemaaaaaanha, né? Eu baixando a cabeça: - Ahan, faço o sinal do
tudo jóia e viro para o outro lado.
Ou ainda uma conhecida que nunca falou comigo antes e nem sabia que eu
existia e que passa a ser sua “amiga íntima” depois que sabe que você mora fora:
Ela: - Essa menina é como uma filha para mim (passando a mão no meu braço
de baixo pra cima e de cima pra baixo num movimento frenético que me sacode pra
lá e pra cá o tempo todo).
Penso: - Como é que é, hein? Ela nem olhava pra minha cara antes… Como são
as coisas, né? Passei de inexistente, a ser emergente e agora até virei parente…
rs rs rs Até rimou rs rs rs!
10 - Eu andando rumo à padaria da rua
Um outro conhecido berra: - Aeee, Albany, chegou de viagem?
Eu: - Anhan e meu famoso tudo jóia de sempre.
Ele: Ae, tu não
trouxe uns tenisinhos de presente para gente não?
Eu penso: - Ele deve estar confundindo a Alemanha com Paraguai e
achando que eu vivo de muamba…
Eu, mudando de assunto e sendo discreta: - Vou correr para pegar o pão
quentinho na padaria, tá? E saio correndo, correndo mesmo…
* Professora de Português para
Estrangeiros na VHS de Stuttgart, Licenciada em Letras Português e Alemão
pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro e Mestre em Filologia
Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen, Alemanha.
6 comentários:
Hahahahaha ótimos comentários, principalmente os pontos 3 e 9. Essa do desconhecido efusivo é f"$%. :P Willkommen zurück!
Obrigada, minha linda! Espero, em breve, poder fazer outro trabalho com você, mas desta vez com outra empresa! rs rs rs Bjs. Albany :-)
Também gostei! E de fato os pontos 3 e 9 parecem ser uma regra... só levando com humor mesmo (como voce faz) pra nao se estressar, né?
Você sabe que eu procuro ver o lado bom das coisas, mesmo estando na m... Perder o controle só faz as coisas ficarem piores do que já sao, né? Bj grande!
Muito divertido os comentários! é exatamente desta forma que as coisas acontecem...
Olá, Alberto! Obrigada por me prestigiar mais uma vez. No px encontro de ex-alunos de Processamento de Dados, vc nao pode faltar! O Jackson e a Elisabeth disseram que querem ir! Vamos mobilizar o pessoal e tirar uma foto de recordacao da nossa turma de PD-B!!!! Bjs. Albany :-)
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