Albany Estrela Herrmann[1]
Alguns estudiosos afirmam que a origem deste tipo
de teatro seria na Antigüidade, mas precisamente teria originado-se na Índia. Estes
fantoches já existiam nas feiras livres da Grécia e Roma. Foi a partir da Idade
Média, na Itália, que esta arte espalhou-se por vários países europeus.
Na França, por exemplo, adotou-se o nome de
marionete, na Alemanha Kasperle Theater e por fim chegou à América do Sul, mais
especificamente no Brasil, trazida pelos holandeses que se estabeleceram
durante 14 anos no nordeste brasileiro para a extração e cultivo de cana-de-açúcar.
A palavra mamulengo tem a sua origem da expressão mão mole:
mão mole > mão
molenga > mão mulenga > mamulengo
Este tipo de marionete sem cordas é manipulado
pelas mãos que são introduzidas na figura como se fosse uma luva. Os dedos
movimentam os braços e a cabeça. Geralmente a forma teatral é cômica ou
satírica, tratando de temas divertidos. O mamulengo é um divertimento popular
barato e seus palcos são, em sua maioria, improvisados.
Durante muito tempo usou-se os fantoches
exclusivamente para representações religiosas, ensinando-se a Bíblia para as
crianças, mas com o passar do tempo, foram introduzidas outras temáticas. Hoje
em dia, são tratados os mais diversos temas visando prender a atenção da platéia.
Estes bonecos podem ser feitos de madeira, de metal, de papel marchê, de barro,
de tecido e etc...
No Rio Grande do Sul, os colonos alemães trouxeram o
“Kasperle Theater” tendo como personagem principal o boneco Kasper que se veste
igual a um palhaço, um bobo da corte. O nome Kasper foi “abrasileirado” para
Gaspar e passou a ser o narrador de lendas brasileiras para as crianças da
região. Como por exemplo, a lenda do Negrinho do Pastoreio. Este tipo
teatral,em geral, infantil, tem um papel educativo muito importante no Brasil,
sendo levado a várias escolas e também na TV.
Os bonecos gigantes do
carnaval de Olinda também são espécies de mamulengos, só que com um formato
maior e exagerado. Desta forma, eles são mais visíveis em meio a imensa multidão
que circula nas cidades na época do carnaval. Um dos artistas mais famosos em
Pernambuco foi Dr. Babu e mais tarde o seu sucessor “Cheiroso”.
Além disso, o Boi-Bumbá é
uma festa do folclore amazonense que ao mesmo tempo que apresenta contos,
lendas e danças indígenas, faz um show com bonecos gigantes. Presença
obrigatória é a do boneco boi (o manipulador “se veste” de boi e entra no
boneco para movimentá-lo ou é parte integrante dele como um montador), por ser
o tema principal da festa.
Na região de Manaus, mais
precisamente na cidade de Parintins que foi habitada por índios, surgem personagens
da mitologia indígena como o Curupira e o Boto que se misturam aos santos católicos
como São João, São Pedro e Santo Antônio. Esta mistura de culturas enriqueceu a
festa com feiticeiros, pajés e xamãs que pretendem ressucitar o boi morto no
final da festa.
O iniciador desta festa
teria sido Lindolfo Monteverde que impressionou-se com as lendas e histórias
que sua avó lhe contara quando criança, aonde um boi alegre e brincalhão era a
personagem principal. Sr. Lindolfo adoeceu gravemente e na tentativa de ser
curado fez uma promessa para São João que sairia vestido de Boi todo ano. Esta
união da cultura indígena regional e do trabalho de catequização portuguesa
feito nesta região, fez com que as crenças se misturassem.
Sendo assim, seja qual
for o nome que damos a estes bonecos: fantoches, marionetes, mamulengos e
etc... eles têm sempre um papel significante e presente na infância da gente.
Gostaria de agradecer imensamente a todos os amigos e colegas por divulgarem e apreciarem meu trabalho. Além disso, gostaria de agradecer pelas numerosas visitas de vários lugares diferentes. Last but not least:
- Thank you very much, Evodio for your support and for the co-working. Albany
[1] Professora de Português para Estrangeiros na VHS de Stuttgart, Licenciada pela Universidade Federal
Fluminense do Rio de Janeiro e Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls
Universität Tübingen.
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