17/10/2013

Sobre a cozinha alemã/Über die deutsche Küche


Por Albany Estrela Herrmann*


Existem coisas que são bem diferentes para nós brazucas em se tratando da culinária na Alemanha. Como eu adoro cozinhar e adoro fazer bolos artísticos, escolhi este tema para falar. A cozinha alemã varia muito de região para região e eu estou observando de uma forma geral...

Minha área de trabalho e minha casa é o sul da Alemanha, mas resolvi fazer um mix para vocês dentro de um tema. Este é o top ten daquilo que eu não curto. A próxima lista será das coisas que eu adoro!
 
Eis que publico mais uma de minhas listinhas:

1 – Mett:



Prato típico alemão que é uma carne moída crua para passar no pão. 

Quem gosta de kibe cru, vai gostar do Mett numa boa…

2 – Harzer Käse:


 
 
Este queijo borrachudo, sem gosto e sem graça tem só 0,1% de
 
gordura, mas também 0,0% de sabor! Assim é mole ficar 
 
magrinha…

 
3 – Dätsch-Weckli:
 


 
Este aqui tem vários nomes: Negerkuss-Weckle, Mohrenkopf-brötchen, Schaumkuss-, Schokokuss- e por aí vai…Pega-se um pãozinho comum, salgado, de padaria e coloca-se  um chocolate destes no meio. Depois com a mão em cima fazemos Platsch! e está pronto o sanduba mais estranho que já vi! Amassam o coitado no meio do pão e depois comem tudo junto como sendo o recheio…

Separados, sim!!!

4 – Honiggurken:

Pepino em conserva, o pickles dos Americanos, só que com mel.

5 – Schmalzbrot:


  
Peraí! Pára tudo agora!!! Tão me confundindo com cachorro husky ou com passarinho que inventa de ficar na Europa durante o inverno? Ter que comer aquelas bolinhas com sementes e gordura para sobreviver? Pão com gordura?

- EEEEEECCCCCAAAAA!
E ainda dizer: - Es regt die Verdauung an!!! Es regt alles an (Durchfallalarm)!

-Estimula a digestão? Estimula tudo (Tô sem freioooo)!

Me revira o estômago, isso sim! Por mais que se enfeite o prato com uma cebolinha aqui, outra acolá, um temperinho verdinho e se use, na maioria das vezes, o pão preto – que eu adoro… sem condições físicas e psicológicas para encarar isso aqui…

Tudo bem que pobre quando está com fome, come até pedra ensopada, mas eu não consigo nem olhar para um negócio destes sem que eu tenha ânsia de vômitos…

6 – Sauerkrautsaft:
Suco de chucrute. Nesta onda de smoothies, a onda agora é suco de legumes. Só conhecia o de tomate e isso só dentro do avião…

Acho que os passageiros pensam:
- Se eu morrer nesta viagem, quero primeiro provar este treco e ver se é bom mesmo…

Se é chique beber suco de tomate, quero morrer “in”…

Eu passo! Suco de tomate para mim, só no molho do macarrão e olhe lá…

7 – Spezi:
Quem nunca brincou disso quando era criança? De misturar Coca-Cola com Fanta em festinha de aniversário e beber achando que inventou uma bebida nova.

Aqui é uma bebida que é vendida pronta!

8 – Rollmops:
Uma sardinha metida à besta que vem enroladinha dentro de um vidro de conserva. Servido frio mesmo.

9 – Sülze:

 
Carne ou legumes que são „fossilizados“em gelatina transparente. Outro prato que é servido frio.

10 – Saumagen:

Last but not least, foi quando eu trabalhei para a empresa Recaro de Kaiserslautern (Rheinland-Pfalz) que conheci este prato aqui, o intestino de porco recheado (yuck!!!). Não tive coragem de provar até hoje, pois a repulsa era maior do que tudo…

No Brasil eu também não curto miúdos e sendo assim, este “graúdo” aqui não desce de jeito e maneira…

* Professora de Português para Estrangeiros na VHS de Stuttgart, Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro e Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen, Alemanha.
 
 

11/10/2013

10 coisas que me irritam/10 Dinge die mich irritieren



Por Albany Estrela Herrmann* 


Existem coisas que me irritam profundamente. Muitos leitores me perguntaram em off se era verdade o que tinha escrito ou se tudo que escrevi fora pura imaginação. Resposta: - Pior que foi tudo real! Aqui está mais um top ten de coisas que eu acho chatérrimas: algumas do Brasil e outras da Alemanha. Eis que publico mais uma de minhas listinhas verídicas por sinal:


1 – Gente que fica te fazendo mil e uma perguntas, mas não fala nada de si

Nisso, os alemães são campeões mundiais! Fazem um milhão de perguntas por segundo e na maior cara de pau, insistem para que você as responda o mais precisamente e rapidamente possível. Quando você enche o saco de tanto interrogatório e rebate às perguntas, eles se calam e se mandam de fininho… Quem pergunta tanto assim não quer falar nada de si?


Agora eu rebato sempre com um: 


- Warum? Und du? Und bei dir? 


- Por quê? E você? E com você?

2 – Quando a atual sogra é uma anta:

O que a gente não atura na vida só para agradar o bofe que estamos saindo no momento? Eu tive “once upon a time” uma sogra que era muito chata e burrinha, mas eu fazia de tudo para ter um convívio saudável com ela em nome do namoradinho que eu tinha na época.


Um certo dia, esta criatura do lodo viu que ele tinha me dado um anel de presente. Tipo o “Freundschaftsring” que tem aqui na Alemanha que não é nem noivado, nem casamento…


Ela: - É minha filha, no meu tempo o meu anel era de ouro bom. 18 quilowatts!!!


Eu tentei primeiro engolir o riso, mas não consegui e explodi numa gargalhada só:


Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. E disse: 


- E dava choque? As lágrimas caindo pelo rosto e a barriga doendo de tanto rir...


Depois me arrependi, pois ele estava quase me matando com o olhar. 


Caramba, tô ferrada e agora é que acabou o namoro de vez!!!!

Se bem que ela nem entendeu o porquê da minha risada…



3 – Pessoa que critica o gosto musical de todo mundo:

Ontem estava conversando sobre isso com a Deny, amiga minha e eu penso o seguinte: 


- Cada um com seu cada um e a amizade continua! 


Eu sou pra lá de eclética em se tratando de gosto musical! Eu gosto de tudo um pouco! Isso vai de Bach até Axé!!! Na minha casa toca coisas bem diferentes e eu não tô nem aí… 


Acho muito pior e medíocre a pessoa que fica ligando música clássica no carro toda hora na tentativa de mostrar que é culto (gebildet), mas de fato só quer esconder dos outros o “déficit” cultural que tem. 

Ou ainda, aquelas pessoas que ficam decorando frases de ilustres e repetem igual a um papagaio sem nem saber ao certo o contexto. O negócio sai todo truncado parecendo resposta da Magda do Sai de baixo * (Deu banana pra ela/e de novo?).

*Sai de Baixo foi um programa humorístico brasileiro que saiu do ar em 2002. O canal Viva está reprisando este programa que eu simplesmente AMAVA assistir…

4 – Homem que quer te dar uma cantada e fica falando em dinheiro o tempo todo

Tipo aquele comercial alemão: Mein Haus, mein Auto, mein Boot


5 – Pessoa que quer impor a religião dela e te trata como se tivesse lepra por não ser da mesma religião:

Quem me conhece de longa data, sabe que não sou lá das mais religiosas, mas acho um saco quem fica tentando impor a religião:


·  sair falando que você é uma alma perdida e vai queimar no inferno, 


·  que você escuta o disco da Xuxa ao contrário, 


·  que você tem o boneco do Fofão em casa e você vai embora se sentindo a própria Rosemary do filme, só que sem o bebê…


6 – Quando você faz uma pergunta simples e a pessoa conta a vida dela inteirinha pra você:

Eu: - Oi, tudo bem?


Pessoa: - Blá, blá, blá, blá e mais blá e blá e blá... Infinitos blás... 

E você escuta tudo aquilo olhando para o seu redor, procurando a árvore mais próxima para você se enforcar...

7 – Como a mulher brasileira vai reagir em caso de cantada e como a alemã faz:

Brasileira no maior sorriso: - Sabe o que é, eu tenho namorado... 


Pensa: Adoooro! Tô com a bola toda ainda!!! Juhuuuu!


Alemã de cara feia: 

– Spinnst du! Macho! 
- Tá maluco! Seu machão!


Não acho que a reação adequada seja engrossar com o cara. Este tipo de reação grosseira me irrita… Dependendo da cantada, a gente acha até bonitinho.


Acho uma maldade arrasar com os meninos desta forma! Se a cantada for pornográfica, concordo plenamente, mas na maioria das vezes é algo “light” e que dá para levar na brincadeira… 
Tipo:


1 – Aí, gatinho, deixa eu ser a “Estrela” da tua novela das 8h? (Essa aqui cai como uma luva no meu caso he he he)


2 – Vem, painho! Me chama de mainha, vai?


3 – Me joga na parede, me chama de lagartixa!


4 – Qual é a sua graça, princesa?


5 - Não sabia que boneca andava e por aí vai…


8 – Gente que faz perguntas idiotas:

No aeroporto um policial me pergunta: 


- A senhora está trazendo alguma droga (ou material bélico) nas malas?


Eu penso: Mesmo se eu estivesse trazendo, ele acha que eu ia falar que sim!


Respondo: - Sim, um CD do Calipso (no judgement!!!) rs rs rs


E como era de se esperar, ele nem entende a minha piadinha…


Ou ainda, seu vizinho te pergunta quando está faltando luz no Brasil, se na sua casa também está faltando luz:


Eu: Não, querido! É só aí na tua casa! Eu apaguei tudo aqui só para você não ficar com inveja, tá?



9 – Quem gosta de cortar o barato dos outros:

Eu: - Vou entrar numa academia, porque vi que tem um curso de Zumba! Legal!


Cortador de barato: - Mas o curso é só uma vez por semana e isso não dá resultados! Você precisa, pelo menos, ir 3 vezes por semana para notar alguma diferença e blá blá blá...


Eu: - Cara, eu quero ver gente, sair de casa, ouvir música latina, me divertir! Deixa de ser “seca pimenteira” e me deixa em paz na minha ilusão! Caramba!



10 – Last but not least: Professor de PLE que fica falando em sala de aula igual a um robô, escondendo as suas origens:

Eu sou carioca de corpo e alma e acho ridículo quem fica falando artificialmente, igual a um robô em sala de aula. É claro que eu me policio no meu ambiente de trabalho, mas isso não significa que tenho que esconder a minha essência. Isso não diminui, nem aumenta a minha capacidade profissional. 


Ser mineiro, paulista, nordestino, carioca e etc com seus respectivos sotaques, são particularidades do nosso Português do Brasil. Nosso país é imenso e cheio de matizes. Geralmente quem rotula e fala mal é aquele que não tem a menor noção de Linguística e eu (modéstia à parte) tenho!


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E obrigada por visitar meu blog!!!


* Professora de Português para Estrangeiros na VHS de Stuttgart,  Licenciada em Letras Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro e Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen, Alemanha.