Sobre sua criança interior/ Über dein inneres Kind
por Albany Estrela Herrmann
Existem
sentimentos, atitudes, impressões e situações que presenciamos na nossa
infância e que nos modificam para a vida inteira. Mesmo que nós mesmos não
aceitemos ou até nem possamos perceber ou vê-las desta forma, elas se tornam
caraterísticas do nosso caráter. A nossa realidade atual é na verdade apenas a
projeção natural de tudo aquilo que vivemos no passado e que inconscientemente
acumulamos dentro de nós. O nosso cérebro retém determinadas informações e as
deixam escondidas e em algum lugar reprimidas. Costumamos repetir padrões de
comportamento aos quais fomos expostos durante a nossa infância e isso sem nem mesmo
percebermos.
Olhar
para dentro de nós mesmos como se estivéssemos fora de nosso corpo e assim
analisarmos o que há de disfuncional em nossos comportamentos. O que me faz agir desta forma? Isto é apenas um traço
característico da minha personalidade? Será
que eu carrego algum trauma não resolvido ou mal trabalhado que precisa ser
discutido e sanado? Na verdade o que temos é uma criança machucada que nunca
aprendeu a se defender.
O
mais importante de tudo e o que eu tenho que aprender de uma vez por todas, é
que eu, e somente eu, sou responsável por esta criança. Eu posso influenciá-la através de meus pensamentos e da
minha maneira de agir. Como eu processo situações
adversas durante o decorrer de minha vida? Aquilo que me feriu no passado ainda
está contido no meu presente? Será que eu estaria tentando compensar uma dor que
sofri e não pude reagir no passado, agora na minha idade adulta? Pode mesmo um
sofrimento contínuo virar uma zona de conforto?
Existem
pessoas que reclamam de tudo e adoram se vitimizar. Ignoram a existência de um
problema e o substituem em suas vidas como sendo uma condição permanente. Substituir
um pensamento negativo por um pensamento positivo também não fará com que o
problema seja resolvido. Esta forma de tratar com esta problemática, ao meu ver,
somente transforma o problema no processo de se viver em negação permanente da
realidade.
A
melhor maneira de trabalhar a dor é tocá-la como uma fita que tem que ser tocada
até o final. Ela não deve ser simplesmente escondida em algum lugar no armário.
Para livrar-se de um problema temos que expor o problema
e não ignorá-lo. Você tem que aprender a assumir o
problema, porque de todas as maneiras, ele está lá. Viver em negação não é a
solução! Problemas todos nós temos, mas o que nos diferencia é como encaramos
estas cicatrizes que carregamos.
Existem
pessoas que carregam dores como uma segunda pele, porque elas não conhecem
outra coisa na vida. Viveram com ela desde sempre se tornaram dependentes desta
condição de dor existencial. Elas acreditam que só conseguem viver como o viciado
que não consegue largar da droga. A sua criança interior acumulou traumas e
complexos e se envergonha de seus sentimentos e se sente inferior.
Por
exemplo, se alguém ouve que é feio durante muito tempo, e isso por uma pessoa
muito próxima e amada, essa pessoa passa a acreditar que no espelho existe um
patinho feio. Essa pessoa coloca-se no lugar dele e passa a se sentir feio. A
opinião alheia a preenche e ela passa a buscar constantemente a idealização
externa. Ela permanence com esta carência de reconhecimento externo e seu ego
tenta compensar tudo isso com a co-dependência de terceiros.
Por
outro lado, a criança interior que vive em busca de aceitação, segue revoltada e
pode passar a se colocar sempre em primeiro lugar e a se achar o máximo. Se eu
não recebo o reconhecimento externo, então eu passo a gerar o reconhecimento
interno, a megalomania. Eu mesmo me elogio, eu mesmo me torno interessante,
forte e superior. Pelo menos diante de meus próprios olhos, eu passo a ser o
narcisista que tenta transformar o desprezo que recebeu pelos os outros
anteriormente, tornando-se algo especial
e único.
A
criança interior tem uma imagem distorcida de si mesma: ou se diminui ou se vê
através de uma lente de aumento imaginária. Estas duas crianças são cheias de
tristeza no peito e procuram segurança. A solidão é o lugar comum de ambas e
elas cresceram sem qualquer apoio emocional. Desamparadas e frágeis durante
seus processos de autoconhecimento e de amadurecimento, seguiram cada uma por
si um caminho distinto. No entanto, deveriam tentar se libertar das dores da
infância que se cristalizaram, tornando-se partes integrantes e características
de seu novo “eu”.
Dê
uma olhadinha rápida na sua criança interior! Quem sabe ela não está sentada lá
sozinha dentro do berço esperando a sua ajuda? Necessitando de sua orientação e
não conseguindo entender muitas coisas que a assolam. Como eu posso mudar o curso
da minha própria estória? Uma coisa é certa, retornar ao passado eu não poderei…
Eu tenho que
aceitar, refazer e planejar esta rotina de vida. Se
você pudesse retornar e falar com você mesmo enquanto criança, o quê você diria
para a sua criança interior? Com certeza diria que você não precisa mais ter
medo de nada, porque a responsabilidade está agora nas suas mãos. Você mesmo é
o seu maior tesouro! Acredite!
Se você gostou, compartilhe e repasse meu link!
E obrigada por visitar meu blog!!!
* Professora de
Alemão (Deutsch als Fremdsprache DAF, com certificado do MEC
Ministério Alemão - BAMF-Zulassung) e Português para
Estrangeiros (PLE Universidade de Tübingen), Licenciada em Letras
Português e Alemão pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro, Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität
de Tübingen